A minha Lista de blogues

quarta-feira, 30 de junho de 2010

EXPEDIÇÃO

Expedição científica que reuniu seis biólogos de renome em busca de uma nova espécie de gorila, no norte da República Democrática do Congo (ex-Zaire)


















Aston



Eu estou a adorar o talento destes jovens músicos australianos. Chamam-se Aston, eles são um grupo de músicos de formação clássica no Conservatório de Música de Sydney.



LUFALUFA







http://vimeo.com/12221000



http://musiquim.blogspot.com/



http://www.myspace.com/lufalufa



segunda-feira, 28 de junho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pedro Abrunhosa

Vamos fazer o que ainda não foi feito



Vamos fazer o que ainda não foi feito – Pedro Abrunhosa

Sei que me vês,
Quando os teus olhos me ignoram
Quando por dentro eu sei que choram
Sabes de mim
Eu sou aquele que se esconde
Sabe de ti sem saber onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Mesmo que chova no verão
Queres dizer sim mas dizes não
Vamos fazer o que ainda não foi feito.

(refrão)
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro,
E temos tanto para contar.
Vem esta noite,
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora,
Porque amanhã é sempre tarde de mais.

Eu sei que dói,
Sei como foi andares tão só por essa rua
As vozes que te chamam e tu na tua
Esse teu corpo é o teu porto é o teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Sabes quem sou
Para onde vou
A vida é curva não uma linha
As portas que se fecham e eu na minha
A tua sombra é o lugar onde me deito
(refrão)

Tens uma estrada,
Tenho uma mão cheia de nada.
Somos um todo imperfeito,
Tu és inteira e eu desfeito.
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
(refrão)

Cartas a Guido Battelli



Meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade… sei lá de quê!


Florbela Espanca, in "Cartas a Guido Battelli"

Almadrava - Distancia del Mar



O Homem e o Mar Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.

Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.

Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!

E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!


Charles Baudelaire, O Homem e o Mar, in "As Flores do Mal"

ENTREVISTA

«Saramago ficará como um símbolo»

José Saramago foi o escritor que José Carlos Vasconcelos mais vezes entrevistou. O director do "Jornal de Letras, Artes e Ideias" recordou ao SAPO Livros um José Saramago que se tornou um "símbolo" devido ao seu espírito combativo. Numa visão retrospectiva da carreira do Nobel português, destacou ainda algumas das principais obras de José Saramago.


http://livros.sapo.pt/multimedia/videos#YMQt7WfkIJZIkiWaziIF


Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso.


Antoine de Saint-Exupéry, Acaso

quinta-feira, 24 de junho de 2010

FLOR DO DESERTO

Estreia hoje o filme “Flor do Deserto”, que conta a história verídica de
Waris Dirie. Nascida na Somália em 1965, descendente de uma tribo de
pastores nómadas, foi vítima de mutilação genital aos 5 anos.

Envelhecimento e identidade pessoal

Envelhecimento e identidade pessoal

Deves ter sentido o teu espírito desamparado do teu corpo como uma casa arruinada. Deves ter estado mais só do que no falado abandono do teu Pai. E essa é a solidão maior, porque um corpo é a nossa última companhia.

Vergílio Ferreira, «Em Nome da Terra»


É duvidoso que se tenha apenas o corpo por companhia quando se envelhece intensamente. A imagem de Virgílio Ferreira, apesar da beleza literária com que se refere à solidão de Cristo, pode não ser plausível. Haverá ainda alguém a quem fazer companhia se nada mais há para além do corpo? Envelhece-se — mas a memória persiste no seu trabalho de articular emoções, acontecimentos, acções e pensamentos do passado com os conteúdos psicológicos do presente. Emergem conexões fortes que formam a continuidade psicológica que caracteriza a identidade pessoal. A personagem central do romance, o senhor doutor juiz de perna amputada na solidão de um lar, faz dessas conexões fortes a sua companhia, e elas são afinal um modo de lembrar o amor de uma vida. O amor por Mónica, que já expirou e de quem teve três filhos, atravessa todas as camadas sobrepostas dessa continuidade psicológica. Que poderá ser ele agora na solidão de um lar? Esse é o modo de sobrevivência da sua identidade: “a companhia que tenho é a memória de ti, para lá do horror e da degradação.” Não se pense, porém, que assim se trava uma luta contra a morte; tecer com a memória uma identidade é antes uma espécie de preparação para a morte, morrendo aos poucos para o mundo “até ficarmos só cheios de nós”.
O romance é uma longa carta do senhor doutor juiz para Mónica. Unir os fios da memória é, na verdade, uma tarefa paciente e cuidadosa. Afinal, se o que conta é a continuidade psicológica de tudo aquilo de que se teve experiência, muitos serão os fios para unir, e muitas serão as articulações que se sobrepõem. E se isso basta para definir a identidade pessoal, talvez não seja relevante se essa identidade implica uma entidade separável. Mónica pode não ter morrido ainda, e pode não ser verdade que a identidade pessoal é sempre determinada. Terá Mónica morrido? Não é seguro que sim nem que não. A certa altura, já depois da demência de Mónica, o nosso juiz pergunta “onde moras?”; insiste: “onde estás?”, para logo sugerir a resposta:
“Com amor ternura, lavo-te. É o teu corpo sem ti. Mas [itálico meu] tenho a memória inteira para te reconstituir ao apelo do meu sofrimento.”
Na longa carta, dois processos parecem estar imbricados. Se um reconstitui Mónica, outro forma a identidade daquele que a recorda. Mónica vive ainda no marido, e este procura agora reconstituir o que perdeu de si na ausência de Mónica. Muitas foram as emoções, as ideias e os projectos partilhados. Vista a esta luz, a ideia de que a identidade pessoal não implica uma entidade separável de modo algum é estranha.
Há mesmo quem afirme que a identidade pessoal não é o que conta. Nesse caso, a unidade que lentamente emerge da continuidade psicológica não exige proprietário. Ela forma-se e explica-se apenas a partir da relação entre as muitas experiências de uma vida, relação que pode ser descrita de maneira impessoal. O resultado talvez seja simplesmente um modo de viver, e não uma certa identidade pessoal. Há disso indícios no romance. A dado momento, o nosso juiz especula sobre o que fará Mónica:
“Não sei se tu te entreténs aí na cova a divagar um pouco sobre o que aconteceu. Eu sim. É um modo de viver em duplicado, vivo a cópia mesmo já um pouco apagada do que foi.”
E como excluir que existam modos de viver em triplicado? Haverá um limite para a replicação? E, havendo, será esse limite conhecível? Estas perguntas sugerem hipóteses que esvaziam a importância da identidade pessoal. Admitindo que são pertinentes, não deixa todavia de ser estranho como se organizam as relações de continuidade psicológica. Uma estranheza que o romance exprime. Na verdade,
“porque diabo estas coisinhas minúsculas nunca se despegam de nós e há outras de grande tamanho, com possibilidades vitais, e que nos largam no caminho? Quem é que vem fazer-nos a selecção? O homem é um ser tão improvável.”
Perdido então o plano geral, se é que de facto há algum, o nosso juiz pergunta finalmente: “quem é que nos organiza este mapa esfarrapado?”.
Mas não importa se o mapa é esfarrapado — e mais ainda o é quando se envelhece intensamente. É certo que se desvanecem conexões psicológicas; outras subsistem, porém:
“e sinto que há gente ainda dentro de mim, o corpo habitado. Mas o desprendimento há-de acontecer. É difícil, mas há-de. O desprendimento é um misticismo ao contrário — ocorreu-me agora isto, não o entendi ainda bem. Porque o máximo da união é o dos místicos, minha Mónica, eles passam-se todos para o lado de Deus. Hei-de passar todo para o lado de mim. Ainda lá não estou, mas vou estar.”
Ora, se os místicos perdem a sua identidade na união com Deus, também esse misticismo ao contrário levará o nosso juiz a perder a sua no lado que é dele. Onde estará ele na improvável sucessão das experiências que viveu?
Uma palavra final de natureza mais directamente bioética, por assim dizer. Esta reflexão, como uma leitura mais atenta já terá percebido, tem implicações nas atitudes perante o envelhecimento e a morte. Do ponto de vista moral, o que realmente conta pode não ser a identidade pessoal. Se isto for verdade, que ética do envelhecimento e da morte é plausível? A resposta a este problema não cabe nesta reflexão. Mas há todo o interesse em saber qual é.
O tema da identidade pessoal é apresentado de maneira muito clara no livro de introdução à metafísica Enigmas da Existência, de Earl Conee e Theodore Sider (Lisboa: Bizâncio, 2010). Thomas Nagel, em The View From Nowhere (Oxford: Oxford University Press, 1986), é uma leitura estimulante, como é estimulante tudo o que escreve. Mas há duas leituras que se destacam: Reasons and Persons, de Derek Parfit (Oxford: Oxford University Press, 1987) — a ele se deve a maior parte dos pressupostos desta reflexão; e The Ethics of Killing: Problems at the Margins of Life, de Jeff McMahan (Oxford: Oxford University Press, 2002). Estas foram as leituras que deram origem à continuidade psicológica de intuições e pensamentos que levaram à reflexão apresentada. Houve um cérebro em que essa continuidade ocorreu e duas mãos que a traduziram em palavras. Que se saiba, nem um cérebro nem duas mãos têm uma qualquer identidade.


Faustino Vaz

via
http://criticanarede.com/html/daterra.html

Elephant Parade

Elephant Parade













http://www.josesaramago.org/index3.php

TEMPO

"O tempo é a nova moeda do mundo."
JWT

Segundo Bob Jeffrey, CEO mundial da rede, "em 1960 as pessoas passavam 6 horas do seu dia consumindo mídia. Hoje em dia é o dobro disso e elas o fazem por meio de diversas plataformas e equipamentos."

via
http://propagandaearte.blogs.sapo.pt/

PERFIL

Perfil

Tenho tantos anos e cursos, tantas experiências de vida que não me apetece falar mais disso, e não falarei.

Não direi senão que fui colaboradora permanente de diversos jornais diários em artigos de opinião e de intervenção social, e responsável por uma página semanal sobre problemas femininos. Havia na página um consultório jurídico e um consultório médico que julgo terem prestado serviços interessantes às leitoras e aos leitores do jornal; havia entrevistas e informações e opiniões de mulheres inteligentes e sensatas sobre a sua vida num mundo que parecia muito dos homens. A página tinha um interessante design gráfico e belas imagens originais.

Filosofia foi o curso que mais me marcou e que fiz na Universidade do Porto.

Interesso-me por pintura e por design contemporâneo. Desenvolvi durante anos um projecto de divulgação do design português para objectos decorativos e de mobiliário. Tive uma galeria de exposição e venda dos artigos por nós editados e outros, e considero que alterei o gosto dos conterrâneos sobre decoração de interiores.

Escrevi poesia para as páginas literárias de diversos jornais e publiquei nos últimos anos três livros com múltiplas referências à cidade do Porto, onde vivo com muito prazer, e a histórias da família.

Neste momento estou muito interessada em entrar na blogosfera, se me for permitido.


http://zildacardoso.blogs.sapo.pt/


SONETO DA FIDELIDADE
Vinícius de Morais

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Antologia Poética)

A de Autor - Talk-Shows RTP 2 - Multimédia RTP

A de Autor - Talk-Shows RTP 2 - Multimédia RTP

quarta-feira, 23 de junho de 2010

VASCO GRAÇA MOURA

NA MORTE DE JOSÉ SARAMAGO

VASCO GRAÇA MOURA
Dº Notícias - 23 Junho 2010

Para além de inúmeras reacções circunstanciais, a morte de José Saramago trouxe à baila várias questões muito interessantes. Devo dizer que fui amigo dele e prezo grande parte da sua obra, sem subscrever, como é evidente, as suas posições ideológicas e políticas. Isso nunca me impediu de tentar compreendê-lo, nem de admirá-lo naquilo que penso ser a parte mais válida do que escreveu.
E começando por aí: é quase sempre admirável a maneira como Saramago desenvolve uma linguagem literária que, logo à partida, pretenderia aproximar-se de uma oralidade ideal e primordial, a partir da qual todos os planos da narrativa se diferenciam e na qual todos voltam depois a convergir. Esta técnica singular ter-se-á por vezes tornado num dos seus maneirismos, mas é extremamente eficaz em muitos casos.
Mas será Saramago um escritor realista, como todos os seus pressupostos de escola levariam a supor, ou estaremos antes perante um caso em que ao realismo se acrescenta algo que acaba por transfigurá-lo noutra coisa, noutro tipo de investida quase mágica sobre o real, a colocar este numa diferente dimensão de evidência angustiada e premente? Um certo tipo de destra prestidigitação exercida sobre o real, que envolve um grau mais acima na escala daquilo a que sói chamar-se ficção, cria os pressupostos de uma parábola, a implicar portanto a possibilidade de uma moralidade e de uma exegese. As armas críticas de Saramago, coincidindo aqui com as estratégias ficcionais, não dispensam essa ferramenta de transfiguração cujo coeficiente de irrealidade é criador de ambiguidades várias.
À medida que foi avançando nos anos e na obra, dir-se-ia que uma imensa amargura veio repassar alguns textos. Mais do que amargura, descrença de um sentido para o mundo ou de uma utopia redentora para os homens. O pessimismo de Saramago foi-se adensando cada vez mais. Pessoalmente, tendo a ver nisso uma "desesperança" radical cujo início coincide mais ou menos com o desaparecimento da União Soviética. Poderei estar a fazer uma leitura política tendenciosa, uma vez que sei dos posicionamentos ideológicos dele. Mas a verdade é que a cronologia não foi inventada por mim e parece-me haver uma certa coincidência. Por outro lado, nos Cadernos de Lanzarote, encontro muitas vezes um Saramago mais arrogante e auto-suficiente, muito diferente daquele que conheci pessoalmente e, para falar com franqueza, bem menos interessante como escritor e como pessoa. O que só mostra que nem todas as oficinas ganham em ser postas à vista...
Um outro aspecto que julgo importante é o de o romance saramaguiano ter regra geral tão pouco a ver com a narrativa proletária (salvo, evidentemente, o caso de Levantado do Chão) quanto com o chamado romance burguês e as suas várias derivas ao longo do século XX. Saramago conhecia muito bem todo o universo romanesco dos séculos XIX e XX. Soube, ele que tanto se inspirou no barroco, ir à picaresca espanhola buscar algumas notas importantes, entre elas a de um humor que levou com frequência a um ponto corrosivo, para caracterizar algumas das suas personagens, figuras e situações. Mas os cenários em que tudo isso se move parecem ter mais a ver com o reencontrar de um fio narrativo muito anterior a qualquer modelo de ficção preexistente, que faz as personagens existirem e agirem como que emergindo e consolidando-se nas próprias pregas do texto que está a ser escrito, entre o absurdo da situação e os possíveis dos seus comportamentos e das suas escolhas quanto a grandes questões da existência, que começam por aparecer de um modo quase anódino até se proporem ao leitor como avassaladoras e intimidantes.
Um escritor assim, para mais racionalista, ateu e empenhado socialmente por via do comunismo, tinha de questionar o Deus da Bíblia e de fazer uma leitura crítica dos seus atributos. Mas as investidas de Saramago contra Deus supõem, quase de certeza, uma contrapartida de aumento do coeficiente de humanidade e de justiça que ele quereria ver instaurado e praticado entre os homens. No seu caso, o problema é que, historicamente, a proposta política que defendia tinha saído furada e a um preço de sacrifício humano absolutamente incomportável.
Um grande escritor pode ter destas contradições e defeitos que o aproximam mais de nós e não retiram nada ao estatuto da sua grandeza.

via
http://aorodardotempo.blogspot.com/





O navio de espelhos




"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma!"

(Mário Cesariny)


O navio de espelhos
não navega, cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Os armadores não amam
a sua rota clara
(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)
Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga
O seu porão traz nada
nada leva à partida
Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta
E no mastro espelhado
uma espécie de porta
Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto
A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto
Quando um se revolta
há dez mil insurrectos
(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)
E quando um deles ála
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar profundo
Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)

Do princípio do mundo
até ao fim do mundo

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Contacanto

“Contracanto” – Luís Cília
(José Saramago / Luís Cília)






Contracanto

Aqui longe do sol que mais farei
Senão cantar o bafo que me aquece?
Como um prazer cansado que adormece
Ou preso conformado com a lei

Mas neste débil canto há outra voz
Que tenta libertar-se da surdina
Como rosa-cristal em funda mina
Ou promessa de pão que vem das mós

Outro sol mais aberto me dará
Aos acentos do canto outra harmonia
E na sombra direi que se anuncia
A toalha de luz por onde vá.

(José Saramago)

via
http://samuel-cantigueiro.blogspot.com/

Olha - Erasmo Carlos

Olha


Erasmo Carlos - MULHER

MULHER


sábado, 19 de junho de 2010

MARIZA

Demissão - Poema de José Saramago

Demissão

Este mundo não presta,venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão:sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos se dependentes.

José Saramago

via
http://anapintura.blogspot.com/

quarta-feira, 16 de junho de 2010

William Arntz

"No começo só havia o vazio, transbordando com infinitas possibilidades, das quais uma delas és tu". William Arntz

terça-feira, 15 de junho de 2010

sábado, 12 de junho de 2010

Marionetes de Luva

Tricot

http://laspalmasknits.blogspot.com/








(8 objectivos para África) é o título de uma canção gravada por 8 músicos africanos que representa os oito objectivos do Milénio. E para que o trocadilho fique completo, é mais que certo que o vídeo será exibido durante o Mundial de Futebol na África do sul. Ei-lo.


http://www.youtube.com/watch?v=bykETawXySk&feature=player_embedded#!



8 Goals for Africa (Music video)


Via

http://viveraciencia.wordpress.com/2010/05/26/8goalsforafrica/

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ERNESTO CORTAZAR

ERNESTO CORTAZAR - ANGELICA - Amor Não é problema e sim solução!


http://www.youtube.com/watch?v=9DdHhKYKW20

quinta-feira, 10 de junho de 2010

RUY BELO

As velas da memória


Há nos silvos que as manhãs me trazem
chaminés que se desmoronam:
são a infância e a praia os sonhos de partida.

Abrir esse portão junto ao vento que a vida
aquém ou além desta me abre?
Em que outro mundo ouvi o rouxinol
tão leve que o voo lhe aumentava as asas?
Onde adiava ele a morte contra os dias
essa primeira morte?
Vinham núpcias sem conto na inconcebível voz
Que plenitude aquela: cantar
como quem não tivesse nenhum pensamento.

Quem me deixou de novo aqui sentado à sombra
deste mês de junho? Como te chamas tu
que me enfunas as velas da memória ventilando: «aquela vez...»?

Quando aonde foi em que país?
Que vento faz quebrar nas costas destes dias
as ondas de uma antiga música que ouvida
obriga a recuar a noite prometida
em círculos quebrados para além das dunas
fazendo regressar rebanhos de alegrias
abrindo em plena tarde um espaço ao amor?
Que morte vem matar a lábil curva da dor?
Que dor me faz doer de não ter mais que morrer?

E ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde
chegar à boca da noite e responder.

Ruy Belo









Caderneta de Cromos

http://www.portaldasescolas.pt/jaimeematilde/c/index.html

jequitibá-vermelho

Curiosidade: A árvore mais velha do Brasil


A árvore mais velha do Brasil é um jequitibá-vermelho com 4500 anos que se encontra no Parque Estadual de Vassununga, no estado de São Paulo.

Um jequitibá Patriarca, em Santa Rita do Passa-Quatro, no interior de São Paulo, considerada a árvore mais velha do Brasil. O cálculo da idade é do biólogo Manuel de Godoy, segundo ele, o jequitibá-rosa tem 3.020 anos. “Quando Jesus Cristo veio à Terra, ele já era um senhor de 1.000 anos”, comenta ele. Na copa dessa árvore portentosa, de 39 metros de altura, vivem tucanos, macacos e cerca de 20.000 outras plantas. Toda essa história pode estar seriamente ameaçada. O engenheiro florestal Heverton José Ribeiro, responsável pelo parque estadual de Vassununga, onde o jequitibá está localizado, suspeita que o galho apodreceu e caiu por causa da ação de brocas, insetos que devastam árvores. “As brocas talvez ataquem outros galhos e também pode haver infiltração de água na ferida, facilitando a ação de fungos e cupins”, explica.


A árvore mede 39 metros, o equivalente a um prédio de treze andares.
•- A copa tem a altura de 19,40 metros e diâmetro de cerca de 40 metros.
•- O tronco mede 19,60 metros, 2,40 metros de diâmetro a 13 metros do solo
•- A 1,65 metro do solo, o diâmetro da árvore é de 3,6 metros e a circunferência, de 11,5 metros.
•- Para abraçá-la é preciso reunir dez homens;
•- A raiz mais funda vai a 18 metros de profundidade e a mais comprida atinge até 30 metros para o lado;
•- O peso total é de 264 toneladas.

aqui:
http://www.eloambiental.org.br/blog/?p=38

Comité Português Planeta Terra

http://www.progeo.pt/aipt/

terça-feira, 8 de junho de 2010

Jorge Luis Borges

As Coisas

(Jorge Luis Borges) volta

A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a ofendida
Violeta, monumento de uma tarde,
De certo inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas e taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão muito além de nosso olvido:
E nunca saberão que havemos ido.


domingo, 6 de junho de 2010

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

Leave Me

http://www.likecool.com/brand-Gear-Video.html



A recent widower deals with his grief through his wife's broken camera.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Piano

"Porque há para todos nós um problema sério...
Este problema é o do medo."
(Antonio Candido, Plataforma de Uma Geração)



Sonata - An Animated Short Film

http://www.youtube.com/watch?v=84wiSBP42Fw&feature=player_embedded#!



Piano – Amazing Short

http://www.youtube.com/watch?v=_qbA_VA1tRo&feature=related



Ellie Goulding - Lights (Eyes Remix)

http://www.youtube.com/watch?v=GrGWrT7hNnk

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Low Rising

The Swell Season - "Low Rising"


http://www.youtube.com/watch?v=b5KV1Lf2NkY&feature=player_embedded#!



Depois de séculos de experiência, porque é que os humanos são ainda tão desajeitados, rudes, pouco atentos às conversas e demasiado tímidos para falarem livremente?

Quando é que se aprende a conversar?

Theodore Zeldin, em História íntima da
humanidade

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Noite dos Mortos Vivos

Sinopse: Bárbara e seu irmão Johnny chegam atrasados ao enterro de sua tia e entram num grande pesadelo, em que mortos voltam à vida e começam a atacá-los. Barb é salva por um estudante chamado Bem e o casal consegue refúgio numa fazenda nas proximidades. Embora tentem avisar os moradores do perigo, ninguém acredita. Quando a noite cai, a propriedade fica cercada por um exército de zumbis que eles terão de enfrentar para tentar ficar vivos até o amanhecer.



http://todahorafilms.blogspot.com/2008/11/noite-dos-mortos-vivos-3d-legendado.html

terça-feira, 1 de junho de 2010

LUZ

A ver! Espectáculo de luz na água e na noite


The Dubai Fountain - Baba Yetu

http://www.youtube.com/watch?v=M_GQYI9brGs&feature=player_embedded#!

Giacomo Leopardi

To Silvia

Silvia, do you remember
the moments, in your mortal life,
when beauty still shone
in your sidelong, laughing eyes,
and you, light and thoughtful,
went
beyond girlhood’s limits?

The quiet rooms and the streets
around you, sounded
to your endless singing,
when you sat, happily content,
intent, on that woman’s work,
the vague future, arriving alive in your mind.
It was the scented May, and that’s how
you spent your day.

I would leave my intoxicating studies,
and the turned-down pages,
where my young life,
the best of me, was left,
and from the balcony of my father’s house
strain to catch the sound of your voice,
and your hand, quick,
running over the loom.
I would look at the serene sky,
the gold lit gardens and paths,
that side the mountains, this side the far-off sea.
And human tongue cannot say
what I felt then.

What sweet thoughts,
what hopes, what hearts, O Silvia mia!
How it appeared to us then,
all human life and fate!
When I recall that hope
such feelings pain me,
harsh, disconsolate,
I brood on my own destiny.
Oh Nature, Nature
why do you not give now
what you promised then? Why
do you so deceive your children?

Attacked, and conquered, by secret disease,
you died, my tenderest one, and did not see
your years flower, or feel your heart moved,
by sweet praise of your black hair
your shy, loving looks.
No friends talked with you,
on holidays, about love.

My sweet hopes died also
little by little: to me too
Fate has denied those years. Oh,
how you have passed me by,
dear friend of my new life,
my saddened hope!
Is this the world, the dreams,
the loves, events, delights,
we spoke about so much together?
Is this our human life?
At the advance of Truth
you fell, unhappy one,
and from the distance,
with your hand, you pointed
towards death’s coldness and the silent grave.

Giacomo Leopardi



Vídeo poesia "A Sílvia" di Giacomo Leopardi

http://www.youtube.com/watch?v=-4hF5lctFaA&feature=related



A Sílvia

http://www.youtube.com/watch?v=ozuHRmSRnzY&feature=related