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domingo, 10 de abril de 2011

Poema - Zilda Cardoso

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O Branco Brilhava no Mar
Só em casa Senti-me só.
Saí. O sol brilhava Branco e frio Brilhava no mar Como um raio de luz Um feixe num espelho Ou sobre cristal gelado. As ondas prolongavam-se Até à praia Cheia de garrafas e trapos e latas A praia velha de areia Do fim do dia. O homem nu e descalço Veio das rochas Envolvendo-se num manto Brilhante e dourado Que o vento desenrolava Impaciente. Passei e ele nem me viu Comecei a sentir O frio de Abril E a desilusão De ainda ser Abril E não como pensei Todos estes dias De calor e sol Escaldante e descabido. Deixei a beira-mar Apertada ao casaco de Agosto Caminhei para casa apressada Com o caminho crescendo Para norte em frente E tive a impressão De que se me voltasse E caminhasse Nesse novo sentido para sul a mim O caminho cresceria Para o lado oposto E o lugar não chegaria nunca. Não sei como mas apareci. As dores tinham abalado Aqui aconchegada agora. A água saía cálida Da torneira fria. Aqueci o chá de camomila. Uma hora depois Só escuro sobre o mar azul Escuro reflectido No céu azul muito claro E tão só. Tudo tão só Lá fora Como cá. Abandonado. Zilda Cardoso http://zildacardoso.blogs.sapo.pt/ http://muitomar.blogspot.com/

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