A minha Lista de blogues

terça-feira, 30 de julho de 2013

As pequenas consciências piscam o olho,
as grandes lançam raios.
Se não há nada que brilhe debaixo da pálpebra,
é que não há nada que pense no cérebro,
é que não há nada que ame no coração."


-Victor Hugo-

Me encante

Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar…
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.

Me acarinhe se quiser
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar

Me encante com suas palavras…
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você fez com o seu primeiro namorado…
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre…
Mas, me encante de verdade, com vontade

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias…
Pelo resto das nossas vidas!!!


PABLO NERUDA

CAVALHEIRO SÓ


Os jovens homossexuais e as mocinhas amorosas,
e as longas viúvas que sofrem de insônia delirante,
e as jovens senhoras há trinta horas emprenhadas,
e os gatos roufenhos que atravessam meu jardim em trevas,
como um colar de palpitantes ostras sexuais
rodeiam minha casa solitária,
inimigos jurados de minha alma,
conspiradores em traje de dormir,
que trocaram por senha grandes beijos espessos.

O verão radiante conduz os namorados
em uniformes regimentos melancólicos
de pares gordos magros e alegres tristes pares:
sob os coqueiros elegantes, junto ao mar e à lua,
há uma vida contínua de calças e galinhas,
um rumor de meias de seda acariciadas,
e seios femininos a brilhar como dois olhos.

O pequeno empregado, depois de tanta coisa,
depois do tédio semanal e das novelas lidas na cama toda noite,
seduziu sua vizinha inapelavelmente
e a leva agora a cinemas miseráveis
onde os heróis são potros ou são príncipes apaixonados,
e lhe acaricia as pernas, véu macio,
com suas mãos ardentes, úmidas que cheiram a cigarro

As tardes do sedutor e as noites dos esposos
se unem, dois lençóis que me sepultam,
e as horas de após almoço em que os jovens estudantes
e as jovens estudantes, e os padres se masturbam,
e os animais fornicam sem rodeios
e as abelhas cheiram a sangue e zumbem coléricas as moscas,
e os primos brincam de estranho jeito com as primas,
e os médicos olham com fúria o marido da jovem paciente,
e as horas da manhã nas quais, como que por descuido, o professor
cumpre os seus deveres conjugais e desjejua,
e inda mais os adúlteros, que com amor verdadeiro se amam
sobre leitos altos, amplos como embarcações;
seguramente, eternamente me rodeia
este respiratório e enredado grande bosque
com grandes flores e com dentaduras
e raízes negras em forma de unhas e sapatos.


Pablo Neruda

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Kamal - Humming (Into Silence)

http://youtu.be/ijkTWKGbjqw

Sacred System - Galactic Zone

http://youtu.be/9pRKp0iULxA

domingo, 28 de julho de 2013

AMÊNDOA AMARGA

Este travo inteiro a amêndoa amargaA ameixa a doce a ferver no tacho

Esse travo na língua a fermentar no corpo

A febre a nascer a crescer debaixo

Em baixo a saia a subir nas coxas e esse cheiro mais grosso se entreabro

Asa pernas os lábios e o gosto onde o sabor da amêndoa se torna mais amargo

É esse o momento o instante exacto em que tudo se prende ao gesto sem sentido

A calda no ponto deixa a língua em brasa

E eu tiro pela cabeça o meu vestido


 

MARIA TERESA HORTA, in DESTINO (Quetzal, 1998), in AS PALAVRAS DO CORPO (D. Quixote, 2012)
http://youtu.be/Fo0K_n3VLG4

"Sem Receita"

Crónica "Sem Receita" – Revista Ler
Por Inês Pedrosa

Os Engajados

As meninas que me desculpem e passem adiante se o assunto colidir com os seus perfumes estivais, mas a discriminação ainda é um tema contemporâneo. A discriminação entre homens e mulheres, por exemplo. Não é preciso ser-se gaja para se notar isso; por acaso, no que se refere à ficção portuguesa contemporânea, tenho encontrado o assunto sobretudo em páginas, algumas delas excelsas, da lavra de gajos. Estão à vontade. Fica-lhes bem assinalar a injustiça que assola a outra metade da espécie. Mas uma mulher engajada incomoda, como dantes incomodava uma mulher que risse alto ou levasse os amantes pela trela na via pública. É uma afronta às outras, o que eu compreendo. Não tenho é paciência para me deter nessa compreensão, que a vida é demasiado curta para andar a saltitar penosamente em saias travadas.
O engajamento passou de moda, embora as suas causas não tenham diminuído, antes pelo contrário. Os fossos tornaram-se demasiado evidentes; como a arte é o contrário da evidência prefere falar de fronteiras e de busca de identidade. Ainda por cima é mais comercial. Da senhora dos livros de sexo a chicote ao Philip Roth ( que aliás também não desdenharia a sua chibatazita) anda tudo em demanda identitária, revelando o íntimo universal de cada um de nós. Um gajo pode continuar a ser engajado desde que não o confesse muito. Já uma gaja… bom, uma gaja continua a ser uma gaja, e tudo o que escrever há-de vir-lhe do útero ou da vagina ou dos filhos que teve ou dos que não quis ter. Nunca mais há modos, é o que é.
Não é verdade que não haja escritores politicamente empenhados em Portugal (agora não estou a distinguir sexos; também consigo ser ecuménica, vêem, meninas?). A verdade é que esses não são os que estão nas montras dos media. Aliás, eu não sei o que é um escritor sem empenhamento político. Nomeiem-me um. Não se cansem: eu conheço a lista. Simplesmente, não escrevem nada que honestamente eu consiga ler até ao fim. Não são o Tolstoi nem a Virginia Woolf nem o Dostoievski nem a Duras nem o Camões ou o Kundera. Nem a Yourcenar ou Nabokov. Quando me refiro a empenhamento político não penso em ideologias de esquerda ou direita (é importante saber distingui-las, evidentemente), mas sim numa visão do mundo e na capacidade de ter um comentário inteligente e original sobre ele. É uma coisa para a qual não basta ser-se erudito e irónico. A ironia é o sushi do cérebro: um alimento bonito de se ver, saudável e de fácil digestão. A dobrada à moda do Porto não será tão digestiva, mas demora mais a esquecer. Como os livros do Camilo Castelo Branco. Ou da Agustina, que nunca ganhou os bonitos prémios da língua inglesa porque nunca foi traduzida para esse esperanto da modernidade. Consta que é «muito difícil». E fala demasiado de mulheres, pelo menos para quem pertence a esse mesmo sexo.
Há dias ouvi uma jovem cantante dizer na rádio que o seu disco inaugural «trata do nosso tempo». O entrevistador perguntou-lhe se considerava político esse seu trabalho, e ela apressou-se a explicar que não, de modo algum. A política está fora de moda. No governo não há ninguém que saiba o que isso é – o único que sabia anda a fazer de conta que já se esqueceu, e a ver se ganha a credibilidade do export-import, que é a única que agora existe.
Mas as coisas são como são: camponeses e czares. Há pessoas que se maçam com as páginas sobre o desenvolvimento agrícola da Rússia na Anna Karenina: a mim parecem-me cada vez mais belas e necessárias. A política é um brinquedo velho que se deitou fora antes de acabar de ser construído. Os trastes velhos são o tema da literatura: o amor, a traição, a morte. E a política nas costuras dessas antiguidades, desde o tempo do Romeu e da Julieta. O velhíssimo Freud escreveu que a identidade ancorava em três pilares: religião, política, sexualidade. Explicaram-me que isso já não serve de modelo, porque a religião desapareceu e a política e o sexo já não são o que eram. Ou anda meio-mundo a dormir, ou a dobrada faz-me alucinar.  (publicado em Junho de 2013)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Agostinho da Silva e o Encontro Inter-Religioso

http://player.vimeo.com/video/45598611?color=e2ad1b" width="500" height="281" frameborder="0" webkitAllowFullScreen mozallowfullscreen allowFullScreen> via http://arevistaentre.blogspot.pt/

Álvaro de Campos - ANIVERSÁRIO


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.


Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o eco... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!


O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!


Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...


O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

15 - 10 - 1929

In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
 
 
Germana Tanger no programa Câmara Clara da RTP2 (15 de junho de 2008)
 
http://youtu.be/-NBl9ChxaAU http://camaraclara.rtp.pt/#/arquivo/247 Lido: (O arquivo está a ser preenchido de forma gradual. Muito em breve estará completo.)

AMELINHA - Foi Deus que fez voce

http://youtu.be/0zEWAMp7Umw

Michala Petri and Lars Hannibal plays Bach

http://youtu.be/pFV-zW-dn9g

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Matthew Bourne- Gone

http://youtu.be/HTz_ojgP8Ak

Owen Pallett - He Poos Clouds

http://youtu.be/y2diwT2H3go

terça-feira, 23 de julho de 2013

Kajsa Grytt - Ensam (Officiell)

http://www.youtube.com/watch?v=yO5aPH3tf50

Canções e Provérbios de William Blake



Provérbio I
O orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria da cabra é a liberalidade de Deus.
A ira do leão é a sabedoria de Deus.
A nudez da mulher é a obra de Deus.


Londres
Eu vagueio através de cada rua traçada,
Perto de onde o traçado Tamisa corre,
E observo em cada rosto que encontro
Marcas de fraqueza e preocupação.
Em cada grito de cada homem,
Em cada grito de criança, grito de receio,
Em cada voz, em cada imprecação,
Algemas do espírito eu ouço.
Como o grito do varredor de chaminé
Cada igreja escurecida intimida,
E o suspiro do infeliz soldado
Corre em sangue debaixo das paredes do Palácio.
Mas muitas vezes através das ruas à meia noite eu ouço
Como a maldição da jovem prostituta
Faz explodir as lágrimas da criança recém-nascida
E destrói com pragas o carro funerário do casamento.



Provérbio II
Prisões são construídas com pedras da Lei.
Bordéis com tijolos da Religião.



O Varredor de Chaminés

Uma pequena coisa preta entre a neve
gritando, chora, chora em notas de preocupação!
Onde estão o teu pai e atua mãe?
Eles foram ambos á igreja para a oração.
Porque eu fui feliz sobre a lareira
E sorri entre a neve de inverno,
Eles vestiram-me em traje de morte
E ensinaram-me a cantar notas de preocupação.
E porque eu sou feliz e danço e canto
Eles pensam que não me causaram injúria,
E foram louvar Deus e o seu Padre e Rei
Que fazem um céu da nossa miséria.


Provérbio III
A ave - um ninho, a aranha - uma teia, o homem - a amizade.

Uma árvore de venenoEu zanguei-me com o meu amigo:
Eu soltei a minha cólera, a minha cólera acabou.
Eu zanguei-me com o meu inimigo:
Eu não a soltei, a minha cólera aumentou.
E eu banhei-a em receios,
Noite e dia com as minhas lágrimas;
E iluminei-a com sorrisos,
E com suaves astúcias enganosas.
E ela cresceu dia e noite,
Até que uma maçã brilhante suportou,
E o meu inimigo o seu brilho contemplou,
Mas ele sabia que ela era minha.
E saltando dentro do meu jardim roubou,
Quando pela noite o tronco escondido ficou,
E de manhã eu vejo, divertido,
O meu inimigo, debaixo da árvore, estendido.


Provérbio IV
Pensa de manhã.
Age ao meio-dia.
Come à tardinha.
Dorme de noite.


O Tigre
Tigre! Tigre! ardendo em chamas
Nas florestas da noite:
Que imortal mão ou olho
Puderam estruturar a tua imponente simetria?
Em que distantes profundezas ou céus
Arde o fogo dos teus olhos?
Em que asas ousa ele elevar-se?
Que mão ousa agarrar o fogo?
E que ombro e que arte,
Podem torcer os nervos do teu coração?
E quando o teu coração começou a bater,
Que terríveis mãos? e que terríveis pés?
Que martelo? Que cadeia?
Em que fornalha esteve o teu cérebro?
Que bigorna? Que terríveis garras
Ousam os seus mortais terrores agarrar?
Quando as estrelas lançarem as suas lanças,
E banharem o céu com as suas lágrimas,
Sorrirá ele por ver a sua obra?
Ele que fez o cordeiro, fez-te a ti?
Tigre! Tigre! ardendo em chamas
Nas florestas da noite:
Que imortal mão ou olho
Ousou estruturar a tua imponente simetria?


Provérbio V
Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos de instrução.
Se um louco persistisse na sua loucura, ele tornar-se-ia sábio.
Se os outros não fossem loucos, Nós seríamos.


A Mosca
Pequena mosca,
ao teu jogo de verão
A minha irreflectida mão
Deu um empurrão.
Não sou eu
Uma mosca como tu?
Ou não és tu
Um homem como eu?
Porque eu danço
E bebo e canto:
Até que uma mão cega
Toque a minha asa.
Se pensamento é vida
E força e respiração
E o desejo
De pensamento é a morte;
Então eu sou
Uma feliz mosca
Quer eu viva
Quer eu morra.


Provérbio VI
As horas da loucura são medidas pelo relógio;
mas as da sabedoria nenhum relógio pode medir.
A abelha diligente não tem tempo para a tristeza.
A eternidade está no amor com os produtos do tempo.


Ah!, Girassol!

Ah, Girassol! cansado do tempo,
Quem conta os passos do Sol,
Procurando essa doce região dourada,
Onde a jornada do viajante é realizada:
Onde o Jovem consumido de desejo,
E a pálida Virgem amortalhada de neve,
Se levantam das suas sepulturas e aspiram
Onde o meu Girassol deseja ir.


Provérbio VII
Para ver um Mundo num Grão de Areia,
E um Céu numa Flor Silvestre,
Segura a Infinidade na palma da tua mão,
E a Eternidade numa hora.



Em cada Noite e cada Manhã

Em cada Noite e cada Manhã
Alguns nascem para a Miséria.
Em cada Manhã e cada Noite
Alguns nascem para o doce prazer,
Alguns nascem para o doce prazer,
Alguns nascem para a Noite sem Fim.
Nós somos levados a acreditar numa mentira
Quando não vemos com os Olhos,
O que Nasceu numa Noite, para morrer numa Noite,
Quando a Alma Dormia em Feixes de Luz.
Deus aparece e Deus é a Luz
Para aquelas pobres almas que habitam na Noite,
Mas revela-se uma Forma Humana
àqueles que habitam nos Reinos do Dia.

Tradução - RDP - Maria de Nazaré Fonseca

http://www.rtp.pt/antena2/?t=Benjamin--Britten.rtp&article=248&visual=16&layout=27&tm=15&autor=257

Perfect Day - Lou Reed

Middle-Summer tiny song - Fabrizio Paterlini

https://soundcloud.com/#fabrizio-paterlini/middle-summer-tiny-song

Sobre um poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

Herberto Helder

Os sete poemas de «Servidões», ditos por Fernando Alves.

Os sete poemas de «Servidões», ditos por Fernando Alves.
(Iniciativa com o apoio da Assírio &Alvim)


Aqui:

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=3241601

segunda-feira, 22 de julho de 2013

sábado, 20 de julho de 2013

Bach Orch Suite



Bach Orch Suite BWV 1069 2/2

2. Bourree I, II
3. Gavotte
4. Menuett I, II
5. Rejouissance

Guy Touvron Trumpet
Miroslav Kejmar Trumpet
Zdenek Sedivy Trumpet

Slovak Chamber Orchestra
Bohdan Warchal Conductor

Recorded in 1985 by Opus, Slovakia

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Agustina Bessa-Luís

"A arte não pode ser política, nem sujeição social, nem glosa duma ideia que faz época; nem mesmo pode estar de qualquer forma aliada ao conceito «progresso». É algo mais. É o próprio alento humano para lá da morte de todas as quimeras, da fadiga de todas as perguntas sem solução." Agustina Bessa-Luís
" Eu tenho um segredo: não dou a ninguém o direito de me roubar, nem de me estragar a Alegria que me pertence."
( José de Almada Negreiros)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Daughn Gibson - You Don't Fade

http://youtu.be/L6ylcflMkDU

Daughn Gibson - The Sound Of Law

http://youtu.be/G_rXnOqVRRU

Daughn Gibson - Won't you climb

http://youtu.be/uIIRY5Xrg-s

Daughn Gibson-The pisgee nest

http://youtu.be/ALoCmqTHe4I

domingo, 14 de julho de 2013

Your Life Is Your Life - Charles Bukowski




your life is your life
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you.

@Charles Bukowski




IL CUORE CHE RIDE

La tua vita è la tua vita,
non lasciare che sia bastonata fino all'umidiccia
sottomissione,
stai in guardia.

Ci sono vie d'uscita.
C'è luce da qualche parte, può
non essere molta luce,
ma sconfigge la tenebra.
Stai in guardia,
gli dei ti offriranno delle occasioni.
Riconoscile, prendile.
Non puoi sconfiggere la morte,
ma puoi sconfiggere la morte nella vita qualche volta,
e quanto più spesso tu
impari a farlo,tanta più luce
ci sarà.

La tua vita è la tua vita, sappilo mentre
ce l'hai.
Sei meravigliosa, gli dei aspettano
di compiacersi in te
La tua vita è la tua vita.
http://youtu.be/7jKUBOW0hxE**************viahttp://milan-poetry.blogspot.pt/2007/03/laughing-heart-charles-bukowski.html

Óscar Wilde

" A rebeldia aos olhos de qualquer pessoa que tenha estudado um pouco de História, é a virtude original do ser humano."

(Óscar Wilde )

A CAVERNA


CD Lagoa do Peixe

rio grande do sul.jpg

"O primeiro autoral instrumental de João Araújo, que mistura sua viola de 10 cordas ao acompanhamento típico de ritmos gaúchos (violões, gaitas, contrabaixos e percussões). Gravado no Rio Grande do Sul, arranjos de João Araújo e Matheus Rechenmacher. Trilha sonora original de documentário de conscientização ambiental de Havita Rigamonti sobre a região sulista, que é um santuário de aves migratórias."

Contém Faixas para degustação.

Ouça:

http://www.violaurbana.com/index.php?pagina=html%2Fproduto_sel.html&ipd=22 aves
PAISAGEM-RIO GRANDE SUL

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Somos todos vigiados

http://franciscotrindade.blogspot.pt/2013/07/o-salto-do-governo.html#links http://aespumadaspalavras.blogspot.pt/2013/07/somos-todos-vigiados-ignacio-ramonet-10.html http://www.leparisien.fr/essonne-91/un-train-deraille-a-bretigny-12-07-2013-2977769.php

José Jorge Letria

Deixa-me reinar em ti
o tempo apenas de um relâmpago
a incendiar a erva seca dos cumes.
E se tiver que montar guarda,
que seja em redor do teu sono,
num êxtase de lábios sobre a relva,
num delírio de beijos sobre o ventre,
num assombro de dedos sob a roupa.
Eu estava morto e não sabia, sabes,
que há um tempo dentro deste tempo
para renascermos com os corais
e sermos eternos na sofreguidão de um instante.

José Jorge Letria

Naquela parede de pedra incerta

na janela
daquela parede de pedra incerta
respira um mundo pintado de branco inverno
ali, ao alcance dos meus passos
mas deste lado
da parede de pedra incerta
a neve cobre os meus passos lentos
e arrefece a vontade de me fazer caminho na alvura.

na janela
daquela parede de pedra incerta
mora um quadro vivo de luz fria e vento alvo
ali, ao alcance dos meus olhos
mas o olhar fica
deste lado da parede de pedra incerta
e eu retenho em mim a respiração do mundo
pintado na luz fria que se aninha na janela
JOÃO CARLOS ESTEVES, in revista FOTOMANYA VIP (nº 6 , Maio/Junho 2013)

Completamente ao Natural




You turned the tables on me
And now I'm falling for you

You turned the tables on me
I can't believe that it's true
I always thought when you brought
The lovely present you bought
Why hadn't you brought me more?
But now if you'd come

I'd welcome anything from
The five and ten cent store
You used to call me the top
You put me up on a throne
You let me fall with a drop
And now I'm out on my own
But after thinking it over and over
I got what was coming to me
Just like the sting of a bee
You turned the tables on me
You turned the tables on me
And now I'm falling for you
You turned the tables on me
I can't believe that it's true
I always thought when you brought
The lovely present you bought
Why hadn't you brought me more?
But now if you'd come

I'd welcome anything from
The five and ten cent store
You used to call me the top
Ahh, you put me up on a throne
You let me fall oh with a drop
And now I'm out on my own
But after thinking it over and over
I got what was coming to me
Just like the sting of a bee
Just like the sting of a bee
Just like the sting of a bee
Turned the tables on me
Buzz, buzz, buzz, buzz
You turned the tables on me




http://www.kienyke.com/fotoshow/completamente-al-natural/************http://youtu.be/-gGKUrek3xM

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O corpo e a mente

 




«O corpo está entre os principais conceitos da Educação Física, ele motiva reflexões sobre essa educação que propõe uma mente sã e um corpo são. Esse célebre adágio do literato latino Juvenal nos mostra que, já na cultura clássica, havia preocupação pelo corpo e pelo espírito. O que nos faz constatar que desde os primórdios aos nossos dias, a educação por meio da atividade física esteve ligada ao propósito de cuidar do corpo.

Em tempos em que é comum vermos o corpo tomado como objeto e sendo mecanicamente preparado para obter altos rendimentos, aperfeiçoado segundo padrões de estética e de performances,visando à obtenção do corpo modeladamente perfeito, faz-se urgente o estudo desse fenômeno. Pois, compreendido como produto e negligenciado em seus aspectos essenciais pela própria Educação Física (quem sabe, pela exaustão de suas teorias) nos propomos a perguntar pelo corpo no que tange sua existência mundana, histórica e cultural. De modo que, seria insuficiente a análise do corpo apenas como um organismo, explicado pela mecânica do movimento ou do gesto esportivo. Há de se colocar a questão do corpo no campo filosófico, no qual a separação corpo-consciência e problema ainda está em aberto.

O homem sempre teve dificuldade de compreender a si mesmo como uma unidade. Por questões míticas ou religiosas sempre se entendeu composto de duas partes distintas e separadas: o corpo (material, físico) e a alma (espiritual, consciente ou intelectual). Essa cisão parte do princípio de que o ser humano se dá em dois cotos, em que, o primeiro é o corpo e o outro o intelecto1. A esse fenômeno chamaremos dicotomia psicofísica, o que remonta à dualidade sujeito e objeto (ou seja, o homem e o mundo), tradicional ao pensamento fi- losófico. Esses elementos integram questões que habitam a pauta dos filósofos desde a antiguidade, como podemos ver em uma contextualização de alguns autores da história da Filosofia.

A referida dualidade já aparece no pensamento grego no século IV a.C.. Com Platão (428 – 348 a.C.), ela parte do pressuposto que a alma, antes de se encarnar, teria vivido a contemplação do mundo das idéias. Após isso, a alma decairia desse mundo encarnando em um corpo que, para o autor consistiria em um invólucro desta. Aprisionada no corpo, a alma humana se degradaria em duas, a primeira superior (a alma intelectiva); a outra inferior (a alma do corpo).

À luz do método fenomenológico o corpo é tomado como um fenômeno, na medida em que a consciência é unidade com seu mundo

REPRODUÇÃO
René Descartes desenvolveu suas idéias duvidando da realidade do mundo e do corpo, até chegar à primeira verdade indubitável: o cogito. Assim, fez emergir o sujeito, constituído de duas substâncias, uma de natureza espiritual, que é o pensamento; outra de natureza material, que é o corpo

Essas idéias contrastam com certas concepções da filosofia de Platão. Por exemplo: em uma cultura como a helênica, na qual tem berço não só a filosofia mais os esportes olímpicos, o autor não poderia deixar de valorizar a ginástica. Mas, mesmo isso, confirmaria a superioridade da alma sobre o corpo. Para o filósofo, a Educação Física (ginastiké) traria o equilíbrio entre estas partes, pondo o corpo na posse de saúde perfeita e permitindo que a alma se desprenda do mundo do corpo e dos sentidos para concentrar na contemplação das idéias. O que não faz que o filósofo deixe de entender as coisas do mundo em sua multiplicidade como derivadas das idéias, ou seja, a cada aspecto do mundo dos fenômenos corresponderia a uma essência imutável no mundo das idéias.

Mesmo na Grécia clássica, o conceito de corpo e de ginástica, são mais que objeto e exercício, ambos compõem a cultura da beleza e do bem (Platão demonstra que, em sua juventude, admirava a beleza física, mas, com o amadurecimento, descobriu que a beleza da alma é mais preciosa que a do corpo). Todavia, as concepções do pensamento de Platão, embora tenham tido grande penetração em sua época e influenciado escolas filosóficas posteriores, não eram unânimes. Divergindo de Platão, seu discípulo Aristóteles (384 -322 a.C.) reconhecia o papel do corpo e dos sentidos no conhecimento, não o considerando “cárcere da alma”.

Séculos adiante, a Igreja exercia grande influência política e econômica na população e não permitia que houvesse preocupação com o corpo, considerando- o. Nessa época, mais tarde denominada por alguns teóricos do Renascimento como o “período das trevas”, o corpo, no âmbito religioso, ocupava lugar de subordinação, sendo alvo de punição e de regulação. Esse desprezo pelo corpo inferioriza-o, fazendo com que ele fosse visto como a prisão da alma e o responsável pelas faltas cometidas.

Durante o período medieval, os problemas filosóficos em relação ao corpo continuaram a estar no foco do debate entre pensadores. Contudo, a fi- losofia propriamente dita era dependente da teologia. Para a doutrina cristã, determinante dessa compreensão teológica, o corpo era considerado sinal de pecado e degradação, acerca disso se desenvolveram práticas de purificação estimuladas pelo ascetismo (doutrina moral que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem, ou ainda, mortificação da carne e a purificação corpórea).

Santo Agostinho (354-430 d.C.) partiria de algumas dessas compreensões teológicas, entretanto, teve seu pensamento influenciado por Platão ao considerar o homem uma mistura de alma e corpo, vendo a alma como interioridade, como autoconsciência. Isso fez com que Agostinho contrariasse a compreensão comum que a teologia teria do corpo, propondo idéias que dignificavam o corpo humano, ao pensá-lo como entreposto do espírito. Com esse filósofo, fica marcado o esforço de não perder de vista a corporeidade humana como um fenômeno factual, imanente e relativo à vida, mesmo contrariando uma teologia exacerbada.

Com tudo isso, em grande parte do Medievo, havia tabus endossados pela Igreja acerca do corpo e seu conhecimento. Isso atrasou em séculos o avanço, não só das ciências médicas, como também das antropologias. Apenas tardiamente surgiria um olhar livre de censuras do homem sobre si próprio. O olhar da consciência racional possibilitado com o Renascimento fez outro entendimento do corpo, considerando- o objeto da ciência, em sua natureza física e biológica.

Apenas com a Revolução Científica do século XVII, especificamente com René Descartes (1596 - 1650 d.C.) dar-se-ia uma filosofia independente da tradição cristã e novamente original. Depois dos gregos, o sistema cartesiano inaugura um conceito novo de homem, de mundo e de Deus.»

via

http://www.revistafilosofia.com.br/ESFI/Edicoes/17/artigo70334-1.asp

Urgentemente

 

É urgente o Amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras

ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,

e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade
http://youtu.be/VSkz3j9b23Y

Glenn Gould - Bach - BWV 872 - Prelude And Fugue

http://www.youtube.com/watch?v=9kUex32NLzM&feature=share&list=PLCw6iBwd-eynRYmVonrkripUOkk4Cy8BZ

terça-feira, 9 de julho de 2013

Arvo Pärt (Lamentate Fragile E Conciliante) - Map of the Human Heart

http://youtu.be/gsLX6pRoz90 ***************************************************




When I was one-and-twenty
I heard a wise man say,
'Give crowns and pounds and guineas
But not your heart away;
Give pearls away and rubies
But keep your fancy free.'
But I was one-and-twenty,
No use to talk to me.

When I was one-and-twenty
I heard him say again,
'The heart out of the bosom
Was never given in vain;
'Tis paid with sighs a plenty
And sold for endless rue.'
And I am two-and-twenty,
And oh, 'tis true, 'tis true.








Análise do poema http://englishliterature-1.blogspot.pt/2009/08/analysis-of-poem-when-i-was-one-and.html*************http://youtu.be/NwDyjKf6rxg***********************http://isabe.ionline.pt/conteudo/3001-conheca-os-resultados-dos-exames-nacionais

Pálido ponto azul

http://youtu.be/tRjVDOgGJ8Y

Fabrizio Paterlini - Somehow familiar

http://youtu.be/HqfilR6rQZk

Fabrizio Paterlini - Conversation with myself

http://youtu.be/qheCL2hlQrU

Lundgren, Galliano, Fresu "Mare Nostrum"

Mare nostrum 0:00 Pricipessa 9:09 The Seagull 16:47 Years Ahead 22:46 Chat Pitre 32:35 Liberty Waltz 37:00 Si dolce e il tormento 43:08 http://youtu.be/ew0omCRYmVE

domingo, 7 de julho de 2013

Florence + the Machine - Lungs

http://youtu.be/qSSSrCRZGWg

John Lee Hooker w/ Santana - The Stone

http://youtu.be/SkqxJSh1ouY v/ http://www.flickr.com/photos/rodcab/5766192994/

a

sometimes your just need someone to tell you you're not as terrible as you think you are.

FINIS PATRIAE (Excerto) - Guerra Junqueiro

GUERRA JUNQUEIRO
17 de Setembro de 1850 – 7 de Julho de 1923

FINIS PATRIAE (Excerto)

...
II
Falam Pocilgas de Operários:
Crianças rotas, sem abrigo...
A exerga é pobre e a roupa é leve...
Quarto sem luz, mesa sem trigo...
Quem é que bate no meu postigo?
- A Neve!
A usura rouba a luz e o ar
E o negro pão que a gente come...
Inverno vil... Parou o tear...
Quem vez sentar-se no meu lar?
- A Fome!
Lume apagado e o berço em pranto
na terra húmida, Senhor!
A mãe sem leite... o pai a um canto...
Quem vem além, torva de espanto?
- A Dor!
Álcool! Veneno que conforta,
Monstro satânico e sublime!...
Beber! Beber. E a mágoa é morta!...
Quem é que espreita à nossa porta?
- O Crime!
Doze anos já, e seminua!
A mãe, que é dela?... O pai no ofício...
Corpo em botão d'aurora e lua!...
Quem canta além naquela rua?
- O Vício!
A fome e o frio, a dor e a usura,
O vício e o crime... ignóbil sorte!
Ó vida negra! Ó vida dura!...
Deus! Quem consola a Desventura?
- A Morte!
http://livros.sapo.pt/noticias/artigo/17125.html http://www.youtube.com/watch?v=Rl5wuQn0KJk&feature=share&list=PLTu17LwizSLbqI-YqzsuZfdmBdsjPR2Z1

sábado, 6 de julho de 2013

Roger Waters - In The Flesh LIVE FULL CONCERT

http://youtu.be/NDTWsuyDYRM

ROGER WATERS...MOTHER LIVE

http://youtu.be/xbGocmhLSnA

Snowmine - Hologram

http://youtu.be/aLkpHj7OlRw

FLIP 2013 - mesa 9 - Lendo Pessoa à beira-mar

http://youtu.be/0D5BM9tGudg

That Look You Give That Guy

http://youtu.be/U8mvNwUn9fY