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domingo, 7 de julho de 2013

FINIS PATRIAE (Excerto) - Guerra Junqueiro

GUERRA JUNQUEIRO
17 de Setembro de 1850 – 7 de Julho de 1923

FINIS PATRIAE (Excerto)

...
II
Falam Pocilgas de Operários:
Crianças rotas, sem abrigo...
A exerga é pobre e a roupa é leve...
Quarto sem luz, mesa sem trigo...
Quem é que bate no meu postigo?
- A Neve!
A usura rouba a luz e o ar
E o negro pão que a gente come...
Inverno vil... Parou o tear...
Quem vez sentar-se no meu lar?
- A Fome!
Lume apagado e o berço em pranto
na terra húmida, Senhor!
A mãe sem leite... o pai a um canto...
Quem vem além, torva de espanto?
- A Dor!
Álcool! Veneno que conforta,
Monstro satânico e sublime!...
Beber! Beber. E a mágoa é morta!...
Quem é que espreita à nossa porta?
- O Crime!
Doze anos já, e seminua!
A mãe, que é dela?... O pai no ofício...
Corpo em botão d'aurora e lua!...
Quem canta além naquela rua?
- O Vício!
A fome e o frio, a dor e a usura,
O vício e o crime... ignóbil sorte!
Ó vida negra! Ó vida dura!...
Deus! Quem consola a Desventura?
- A Morte!
http://livros.sapo.pt/noticias/artigo/17125.html http://www.youtube.com/watch?v=Rl5wuQn0KJk&feature=share&list=PLTu17LwizSLbqI-YqzsuZfdmBdsjPR2Z1

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