«- Como estás?, é uma bela questão. Normalmente respondo - Sei lá, porque não gosto de mentir. E sei lá de facto. Umas vezes estou redondo, outras quadrado, outras cheio de picos, outras liquefeito, outras não estou sequer: deslizo por aí armado em nuvem. - Como estás?, e é impossível responder - Deslizo por aí armado em nuvem» António Lobo Antunes
Balanescu recently premiered a ground breaking project in collaboration with the Austrian video artist Klaus Obermaier, and featuring the Balanescu Quartet. His work is based on the songs and voice of the legendary Romanian folk singer Maria Tanase, and it was performed for the first time at the Art Rock festival.
Um grupo de estudantes estudava as sete maravilhas do mundo. No final da aula, lhes foi pedido que fizessem uma lista do que consideravam as sete maravilhas. Embora houvesse algum desacordo, prevaleceram os votos:
1) O Taj Mahal
2) A Muralha da China
3) O Canal do Panamá
4) As Pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon
6) O Empire State Building
7) A Basílica de São Pedro
Ao recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A menina ainda não tinha virado sua folha. O professor, então, perguntou à ela se tinha problemas com sua lista.
Meio encabulada, a menina respondeu: — Sim, um pouco. Eu não consigo fazer a lista, porque são muitas as maravilhas.
O professor disse: — Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la.
A menina hesitou um pouco, então leu: — Eu penso que as sete maravilhas do mundo sejam:
1 — VER
2 — OUVIR
3 — TOCAR
4 — PROVAR
5 — SENTIR
6 — PENSAR
7 — COMPREENDER
António Melo Almeida
Nosotros no somos más que náufragos
que buscan su lugar.
Flotando en la dirección del viento
y quemados por el sol.
Nosotros no somos más que islas
rodeadas por el mar.
Perdiendo la percepción del tiempo
que llevamos sin timón.
Nosotros no somos más que células
unidas por azar.
Que luchan por escapar y vuelven
otra vez a su lugar.
Nosotros, no somos como las
manecillas del reloj.
Porque no podemos cambiar de tiempo
ni de lugar.
Porque lucharemos hasta que nos
llegue el final.
Nosotros, no somos como las
manecillas del reloj.
Porque no podemos cambiar de tiempo
ni de lugar.
Porque lucharemos hasta que nos
llegue el final.
Y si no podemos cambiar el mundo
y si no podemos seguir así.
Sólo somos náufragos esperando
a hacer el fin.
Video poema inspirado en el poema de David Jimenez.
Poema: La última mujer
Autor: David Jimenez
Ilustración: Andrea Barreda
Edición e imágenes: Amador Castillo
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http://vimeo.com/39059046
Dos pájaros de un tiro es un proyecto artístico conjunto de los cantautores Joan Manuel Serrat y Joaquín Sabina, ambos autores unen sus voces en una gira conjunta durante el año 2007 que les lleva por escenarios de España y América: México, Venezuela, Colombia, Ecuador, Perú, Chile, Uruguay y Argentina.
1."Hometown Glory"
2."I'll Be Waiting" 6:00
3."Don't You Remember" 10:54
4."Turning Tables" 17:10
5."Set Fire to the Rain" 21:22
6."If It Hadn't Been for Love" 27:49
7."My Same" 33:29
8."Take It All" 38:25
9."Rumour Has It" 43:46
10."Right As Rain" 47:36
11."One & Only" 52:46
12."Lovesong" 1:00:51
13."Chasing Pavements" 1:07:30
14."I Can't Make You Love Me" 1:11:58
15."Make You Feel My Love" 1:17:50
16."Someone Like You" 1:26:37
17."Rolling in the Deep" 1:33:08
Necessary Facts
Observations, reports, and discoveries that are true of necessity because they are perceivable and reasonable, empirical and logical, evidentiary and rational, synthetic and analytic. Truths are objective statements.
http://necessaryfacts.blogspot.pt/
Zé Luís, nunca te esqueças dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. Nas subidas, levantam-se do banco das bicicletas para usarem o peso inteiro do corpo em cada pedalada. No banco do riquexó, podem ir sentadas três pessoas, quatro, uma família com filhos ao colo, pode estar empilhada uma altura de sacos, madeira, pedras, barras de ferro. Os homens que puxam riquexós nas ruas de Deli têm vinte, trinta ou sessenta anos, parecem ter setenta, e vestem todos os dias a mesma camisa rasgada, os pés desfazem-se nos chinelos, as mãos agarram o guiador da bicicleta porque esse é o seu ponto de apoio no mundo, é ele que os impede de se afogarem no pó: terra castanha que se cola ao suor. Os homens que puxam riquexós nas ruas de Deli são capazes de sorrir debaixo dessa terra que os cobre, os seus olhos existem; são capazes de dizer algumas palavras em inglês, thank you, sir.
Quando o trânsito não tem solução, quando a estrada é um muro de camiões feitos de lata e parados, motas a passarem pelas folgas estreitas de autocarros negros como galeras, carros antigos, vacas desentendidas, cães exaustos, e pessoas em todas as direcções, esses homens de ossos desenhados na pele do rosto são capazes de levantar os riquexós no ar, de passá-los sobre os separadores centrais e de continuar a puxá-los, todo o seu peso, no outro lado da estrada, em contramão. Não te esqueças deles, Zé Luís. Não te esqueças da sua vontade muito maior do que a miséria, muito maior do que todas as facas, todo o veneno. Esses homens foram aqueles meninos que, hoje, agora, caminham sozinhos nessas mesmas ruas de Deli e estendem a mão a pedir uma rupia ou brincam, esquecidos das buzinas que se embaraçam à sua volta. As suas mães, vestidas com saris, continuam a cavar buracos na berma da estrada, a carregar alguidares com terra e pedras à cabeça. Os seus pais continuam a atravessar a cidade a pé apenas para chegarem ao outro lado e regressarem sem nada. O calor queima-os a todos por igual.
Por isso e por mais do que isso, não te esqueças dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli, Zé Luís. Depois de quilómetros a puxarem um casal de namorados, o rapaz irá pagar-lhes 10 rupias (60 rupias = 1 euro, mais ou menos) e se o homem, ainda sentado no banco da bicicleta, achar que merece 20, se abrir a boca para dizer duas palavras abafadas em hindi, o rapaz há-de dar-lhe dois murros onde o apanhar, no peito ou na cara. E o homem que puxa o riquexó há-de encolher-se porque estará já rodeado por muitos outros rapazes, de castas mais altas, que o olham com o mesmo desprezo do casal de namorados. Como te atreves?
Durante o dia, os homens que puxam riquexós nas ruas de Deli poderão trocar uma nota suja por pão (naan) e água. Enquanto o estiverem a mastigar, terão os olhos abertos e sentir-se-ão privilegiados. À sua volta, monges com os braços cortados pelos pulsos, cegos agarrados às paredes, raparigas despenteadas a vasculharem montes de lixo. Ao serão, os homens dobrar-se-ão sobre o banco do riquexó e, após instantes, poderão adormecer por fim. Se alguém chegar e lhes empurrar os ombros, serão capazes de reconstruir a organização dos ossos, passar a palma da mão aberta pelo rosto, lixa, e pedalar até onde for preciso, 10 rupias. O que se espera da vida? Há um corpo, a pele, e há o sofrimento que se é capaz de conceber, o conforto que se desconhece. Zé Luís, os homens que puxam riquexós nas ruas de Deli estão neste momento a sonhar com aquilo que rejeitas e agradecer aquilo que deixaste de sentir. Não são eles que correm o risco de se esquecer da vida, és tu. O teu padrinho tinha uma bicicleta igual àquela com que eles puxam o riquexó. Lembras-te ainda de como soava a sua campainha à entrada da rua de São João? Lembras-te ainda da sua voz quando falava para ti?
Quanto estiveres a ponto de te preocupar com merdas, os dilemas da poesia portuguesa contemporânea, o IRS, o código do multibanco, os carros que te roubam o estacionamento, a falta de rede no telemóvel, as reuniões de condomínios, o tampo da sanita, lembra-te dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. É essa a tua obrigação.
Nunca te esqueças do mundo, Zé Luís.
Podes estar descansado, Zé Luís. Eu não me esqueço
José Luís Peixoto, in revista Visão (Abril, 2010)
Ler a crónica no blog do escritor
http://www.joseluispeixoto.net/12495.html
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Música: João Gil
Letra: Mário de Sá Carneiro
In: "Terra Firme" 87
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SEPES é o sexto álbum de estúdio da banda portuguesa Trovante, lançado em 1986 pela EMI.
Faixas:
1. Namoro II
2 Fizeram Os Dias Assim
3. Deixa Lá
4. Aerograma
5. Lapso
6. O Viandante
7. A Lenda Dos Sepes
8. Cartas
9. Como Quem Não Quer A Coisa
10. Fim
Lift not the painted veil which those who live
Call Life: though unreal shapes be pictured there,
And it but mimic all we would believe
With colours idly spread,--behind, lurk Fear
And Hope, twin Destinies; who ever weave
Their shadows, o'er the chasm, sightless and drear.
I knew one who had lifted it--he sought,
For his lost heart was tender, things to love,
But found them not, alas! Nor was there aught
The world contains, the which he could approve.
Through the unheeding many he did move,
A splendour among shadows, a bright blot
Upon this gloomy scene, a Spirit that strove
For truth, and like the Preacher found it not.
As pessoas mais versadas em Freud ou na psicanálise bem podem pensar o que acharem melhor do que eu sei que todos sabemos, sendo que este meu saber não tem nada de científico, mas vem apenas da intuição: nós todos (acho eu!) gostamos de experimentar túneis, vivemos fascinados com eles, e às vezes corremos riscos não desprezíveis para fazer a experiência que eles nos dão. Permitindo-me brincar com a proximidade lexical e fonética de túnel e tonel, lembro-me ainda que, em criança, uma das coisas que mais me assustava era ver entrar alguém para dentro de um tonel e ficar com dúvidas se viria a ser possível dele sair. Digo também que uma das paisagens rodoviárias mais lindas que tenho na memória, pois a realidade já não é o que era, se encontra na Nacional 103 e naquela zona de que aqui, e algumas pessoas disso ainda se lembrarão, há poucas semanas enfaticamente falei ao constatar que a mesma estava a ser seriamente fustigada por um gravíssimo e gravoso incêndio no Norte de Portugal: cerca de 500-1000 metros de um túnel verde de graça que não esqueço! Isto, claro, como simples introdução ao que quero agora dizer. É que a imagem que apresento, a qual se refere a um lanço de 3 km de via férrea (julgo que privada) algures na Ucrânia, mostrando estas duas pessoas a caminhar de mão-dada por dentro da verdura do túnel do que presumo seja a sua esperança e o gozo do amor que possam sentir, faz-me pensar no seguinte: 1. a vida, na realidade, é assim: um túnel feito de Esperança, um tonel aberto para os dois lados, um, portanto, em que tanto se pode entrar como sair, sendo que tanto mais liberdade se tem quanto mais firmes formos na escolha que fizemos ou fazemos; 2. para caminhar ao longo do túnel da Esperança nada melhor do que não se saber sozinho/a, nada mais importante do que saber a quem se pode dar a mão; nada mais confortante do que ter uma mão que se nos dá. 3. o Amor cresce tanto mais e corre tanto melhor quanto mais para o Alto os parceiros decidem olhar e em sua direcção se põem a caminhar; 4. o Amor precisa de protecção e deve ser protegido, sendo que um túnel feito de ramos e folhas verdes diz quase tudo do que se pode ter: protecção e, ao mesmo tempo, exposição aos elementos que são as naturais dificuldades da vida. Dito isto, concluo: o melhor amor sabe-se dentro de qualquer coisa, pois não há amor que não brote do Amor que nos abraça; o Amor que nos abraça, pois só Ele nos faz capaz de amar, muitas vezes nos deixa sós, fazendo a experiência do Só e do Único, tanto mais que sem Ele a consistência do amor será sempre, e tão só, a da folhagem que agora reverdece, mas depois seca e se perde para sempre. Finalmente, estando nós em Tempo Pascal, vamos ser claros e dizer o que é preciso: o túnel do Amor não é outro senão este, pois aberto ao Infinito: o Espírito de Cristo Ressuscitado, Ele que habita entre nós, nos dá a Sua Mãe e nos faz caminhar na única certeza que nos permite amar: a de por Ele, e só por Ele, podermos ser amados para além de toda a medida!JJV-C
Album tracklist
01. Is This Love
02. No Woman No Cry
03. Could You Be Loved
04. Three Little Birds
05. Buffalo Soldier
06. Get Up, Stand Up
07. Stir It Up
08. I Shot The Sheriff
09. Waiting In Vain
10. Redemption Song
11. Satisfy My Soul
12. Exodus lyrics
13. Jammin'
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento:uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu quero dizer.
É comum a ideia de que os velhos são os conservadores típicos e os jovens são os inovadores. Não é bem assim. Os conservadores mais típicos são os jovens, os que querem viver mas não pensam nem têm tempo para pensar como viver e que, por isso, optam pelo modelo de vida já existente.
Tolstói em O Diabo e Outros Contos (1889-90)