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terça-feira, 15 de maio de 2012

Do amor

As pessoas mais versadas em Freud ou na psicanálise bem podem pensar o que acharem melhor do que eu sei que todos sabemos, sendo que este meu saber não tem nada de científico, mas vem apenas da intuição: nós todos (acho eu!) gostamos de experimentar túneis, vivemos fascinados com eles, e às vezes corremos riscos não desprezíveis para fazer a experiência que eles nos dão. Permitindo-me brincar com a proximidade lexical e fonética de túnel e tonel, lembro-me ainda que, em criança, uma das coisas que mais me assustava era ver entrar alguém para dentro de um tonel e ficar com dúvidas se viria a ser possível dele sair. Digo também que uma das paisagens rodoviárias mais lindas que tenho na memória, pois a realidade já não é o que era, se encontra na Nacional 103 e naquela zona de que aqui, e algumas pessoas disso ainda se lembrarão, há poucas semanas enfaticamente falei ao constatar que a mesma estava a ser seriamente fustigada por um gravíssimo e gravoso incêndio no Norte de Portugal: cerca de 500-1000 metros de um túnel verde de graça que não esqueço! Isto, claro, como simples introdução ao que quero agora dizer. É que a imagem que apresento, a qual se refere a um lanço de 3 km de via férrea (julgo que privada) algures na Ucrânia, mostrando estas duas pessoas a caminhar de mão-dada por dentro da verdura do túnel do que presumo seja a sua esperança e o gozo do amor que possam sentir, faz-me pensar no seguinte: 1. a vida, na realidade, é assim: um túnel feito de Esperança, um tonel aberto para os dois lados, um, portanto, em que tanto se pode entrar como sair, sendo que tanto mais liberdade se tem quanto mais firmes formos na escolha que fizemos ou fazemos; 2. para caminhar ao longo do túnel da Esperança nada melhor do que não se saber sozinho/a, nada mais importante do que saber a quem se pode dar a mão; nada mais confortante do que ter uma mão que se nos dá. 3. o Amor cresce tanto mais e corre tanto melhor quanto mais para o Alto os parceiros decidem olhar e em sua direcção se põem a caminhar; 4. o Amor precisa de protecção e deve ser protegido, sendo que um túnel feito de ramos e folhas verdes diz quase tudo do que se pode ter: protecção e, ao mesmo tempo, exposição aos elementos que são as naturais dificuldades da vida. Dito isto, concluo: o melhor amor sabe-se dentro de qualquer coisa, pois não há amor que não brote do Amor que nos abraça; o Amor que nos abraça, pois só Ele nos faz capaz de amar, muitas vezes nos deixa sós, fazendo a experiência do Só e do Único, tanto mais que sem Ele a consistência do amor será sempre, e tão só, a da folhagem que agora reverdece, mas depois seca e se perde para sempre. Finalmente, estando nós em Tempo Pascal, vamos ser claros e dizer o que é preciso: o túnel do Amor não é outro senão este, pois aberto ao Infinito: o Espírito de Cristo Ressuscitado, Ele que habita entre nós, nos dá a Sua Mãe e nos faz caminhar na única certeza que nos permite amar: a de por Ele, e só por Ele, podermos ser amados para além de toda a medida!JJV-C

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