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domingo, 19 de setembro de 2010

POESIA AUTORES - Língua Portuguesa

Amaral, Ana Luisa Contemporary Poetry Portugal
Ângelo, Kalaf Contemporary Poetry Angola
Antunes, Arnaldo Contemporary Poetry Brazil
Artur, Armando Contemporary Poetry Mozambique
Beja, Olinda Contemporary Poetry Sao Tome and Principe
Britto, Paulo Henriques Contemporary Poetry Brazil
Cruz, Gastão Contemporary Poetry Portugal
Cuti Contemporary Poetry Brazil
Domeneck, Ricardo Contemporary Poetry Brazil
Freitas, Angélica Contemporary Poetry Brazil
Lopes, Adília Contemporary Poetry Portugal
Lucchesi, Marco Contemporary Poetry Brazil
Maimona, João Contemporary Poetry Angola
Mexia, Pedro Contemporary Poetry Portugal
Patraquim, Luís Carlos Contemporary Poetry Mozambique
Pinto de Almeida, Bernardo Contemporary Poetry Portugal
Sena-Lino, Pedro Contemporary Poetry Portugal
Tamen, Pedro Contemporary Poetry Portugal
Tavares, Ana Paula Contemporary Poetry Angola
Tavares, Gonçalo M. Contemporary Poetry Portugal
Tcheka, Tony Contemporary Poetry Guinea-Bissau
Teixeira, Paulo Contemporary Poetry Portugal


http://lyrikline.org/index.php?id=59&L=1&author=aa09&cHash=c3548e3cf2


Adília Lopes

O vestido cor de salmão

Ai de mim estreei o vestido cor de salmão
no primeiro baile a que fui
durante o baile fiquei sentada numa cadeira
ninguém me convidou para dançar
a uma rapariga importuna
que me perguntou porque é que eu
não dançava
respondi eu não sei dançar
ela insistiu comigo para que eu
bebesse uma taça de champagne
eu acedi
mas não foi dessa vez que bebi champagne
pela primeira vez
porque a rapariga entornou a taça
no meu colo
julgo que propositadamente
com a nódoa o vestido deixou de ser para bom
passou a ser para bater
durante uma viagem curta de comboio
uma faúlha do comboio (que era a lenha)
queimou-o no punho
foi fácil substituir o punho
porque no Penim onde a minha mãe tinha comprado
o corte de tecido cor de salmão
ainda havia esse tecido cor de salmão
mas durante um passeio à praia
sentei-me numa rocha
a ao levantar-me precipitadamente
por ver que ia rebentar uma trovoada
o vestido ficou preso à rocha
e rasgou-se irremediavelmente
ao despi-lo vi que o vestido tinha já
a forma do meu corpo
rasguei-o em pedaços
e guardei os pedaços
na cesta dos trapos
de um dos pedaços fez-se um vestido
para a boneca da minha irmã mais nova
e deste mais tarde fez-se um vestido
para a filha da boneca da minha irmã mais nova
que era uma boneca mais pequena
que caiu a um poço

ouvir o poema pela voz da autora:
http://lyrikline.org/index.php?id=162&L=1&author=al02&show=Poems&poemId=2154&cHash=dc227d1619

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