segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Labor
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Homem e natureza no pensamento filosófico de Wang Fu-chih
Por Alison Harley Black
sábado, 29 de janeiro de 2011
Amanhecer
Nunca, até então, a vida me havia acontecido de dia. Nunca à luz do sol. Só nas minhas noites é que o mundo se revolvia lentamente. Só que, aquilo que acontecia no escuro da própria noite, também acontecia ao mesmo tempo nas minhas próprias entranhas, e o meu escuro não se diferenciava do escuro de fora, e de manhã, ao abrir os olhos, o mundo continuava sendo uma superfície: a vida secreta da noite em breve se reduzia na boca ao gosto de um pesadelo que some. Mas agora a vida estava acontecendo de dia. Inegável e para ser vista. A menos que eu desviasse os olhos. E eu ainda poderia desviar os olhos.
LISPECTOR. Clarice, 1925 – 1977
A Paixão Segundo G.H.
Rio de Janeiro: Rocco, 1973, p.
via
http://yaagob.blogspot.com/
Álvaro de Campos
Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo,
Eu, de monóculo e casaco exageradamente cintado,
Não sou indigno de ti, bem o sabes, Walt,
...Não sou indigno de ti, basta saudar-te para o não ser...
Eu tão contíguo à inércia, tão facilmente cheio de tédio,
Sou dos teus, tu bem sabes, e compreendo-te e amo-te,
E embora te não conhecesse, nascido pelo ano em que morrias,
Sei que me amaste também, que me conheceste, e estou contente.
Sei que me conheceste, que me contemplaste e me explicaste,
Sei que é isso que eu sou, quer em Brooklyn Ferry dez anos antes de eu nascer,
Quer pela Rua do Ouro acima pensando em tudo que não é a Rua do Ouro,
E conforme tu sentiste tudo, sinto tudo, e cá estamos de mãos dadas,
De mãos dadas, Walt, de mãos dadas, dançando o universo na alma."
Álvaro de Campos
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
"I Grieve" by Peter Gabriel
I Grieve
it was only one hour ago
it was all so different then
there’s nothing yet has really sunk in
...it seems like it always did
this flesh and bone
is just the way that we are tied in
now there's no-one home
i grieve for you
you leave me
it’s so hard to move on
still loving what's gone
they say life carries on
they say life carries on and on and on and on
the news that truly shocks is the empty, empty page
while the final rattle rocks its empty, empty cage
and i can't handle this
i grieve for you
and you leave me
let it out and move on
missing what's gone
they say life carries on
they say life carries on and on and on
life carries on
in the people i meet
in everyone that's out on the street
in all the dogs and cats
in the flies and rats
in the rot and the rust
in the ashes and the dust
life carries on and on and on and on
life carries on and on and on
it’s just the car that we ride in
the home we reside in
the face that we hide in
the way we are tied in
life carries on and on and on and on
life carries on and on and on
did i dream this belief?
or did i believe this dream?
now i can find relief
i grieve
http://www.youtube.com/watch?v=fQ3wpjdYMqk&feature=player_embedded
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
Plano Nacional de Saúde 2011-2016
A APP recomenda aos seus leitores a visita ao site do Alto comissariado da Saúde onde se encontra disponível o Plano de Saúde 2011-2016 com vários segmentos dedicados e com a discussão pública de alguns capítulos. Deixamos aqui alguns excertos com os respectivos links para a sua visualização.
http://www.acs.min-saude.pt/pns2011-2016/
http://www.app.com.pt/plano-nacional-de-saude-2011-2016
sábado, 22 de janeiro de 2011
Fernanda de Castro
Vem sentar-te
Aqui na chaise-longue, ao pé de mim...
Tenho o desejo doido de contar-te
Estas saudades que não tinham fim.
Não vás para tão longe;
Quero ver
Se ainda sabes olhar-me como d'antes,
E se nas tuas mãos acariciantes,
Inda existe o perfume de que eu gosto.
Não vás para tão longe!
Tenho medo
Do silêncio pesado d'esta sala...
Como soluça o vento no arvoredo!
E a tua voz, amor, como se cala!
Não vás para tão longe!
Antigamente,
Era sempre demais o curto espaço
Que havia entre nós dois...
Agora, um embaraço,
Hesitas e depois,
Com um gesto de tédio e de cansaço,
Achas inconveniente
O meu abraço.
Não vás para tão longe!
Fica. Inda é tão cedo!
O vento continua a fustigar
Os ramos sofredores do arvoredo,
E eu ponho-me a pensar
E tenho medo!
Não vás para tão longe!
Na sombra impenetrada,
Como se agita e se debate o vento!...
Paira nas velhas ruínas do convento
Que além se avista,
A alma melancólica d'um monge
Que a vida arremessou àquela crista...
Céu apagado, negro, pessimista,
E tu sempre mais longe!...
Fernanda de Castro , "Distância"
COCOROSIE - GALLOWS (OFFICIAL VIDEO) from Emma Freeman on Vimeo.
It was shot in Melbourne Australia. Directed by Emma Freeman.
http://vimeo.com/11875440
http://emmafreeman.com.au/
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
domingo, 16 de janeiro de 2011
Envelhecer, é bom! Acreditam?
ARRITMIA
A vida é lenta quando a morte tem pressa.
Faça ao corpo a promessa
De que vai acabar em breve o sofrimento
Que o tortura.
Mas, da sua clausura,
O coração,
Na cega obsessão
Com que nasceu,
Diz que não, diz que não,
A baralhar o tempo em cada pulsação
Como um relógio que endoideceu.
Miguel Torga
http://ibuiky.blogspot.com/search/label/Artes
Barbara - 1964 Nantes
http://www.youtube.com/watch?v=lsmZk3-M8Qc&feature=player_embedded#!
Barbara (Monique Serf, 1930-1997)
Il pleut sur Nantes
Donne-moi la main
Le ciel de Nantes
Rend mon cœur chagrin
Un matin comme celui-là
Il y a juste un an déjà
La ville avait ce teint blafard
Lorsque je sortis de la gare
Nantes m'était encore inconnue
Je n'y étais jamais venue
Il avait fallu ce message
Pour que je fasse le voyage:
"Madame soyez au rendez-vous
Vingt-cinq rue de la Grange-au-Loup
Faites vite, il y a peu d'espoir
Il a demandé à vous voir."
A l'heure de sa dernière heure
Après bien des années d'errance
Il me revenait en plein cœur
Son cri déchirait le silence
Depuis qu'il s'en était allé
Longtemps je l'avais espéré
Ce vagabond, ce disparu
Voilà qu'il m'était revenu
Vingt-cinq rue de la Grange-au-Loup
Je m'en souviens du rendez-vous
Et j'ai gravé dans ma mémoire
Cette chambre au fond d'un couloir
Assis près d'une cheminée
J'ai vu quatre hommes se lever
La lumière était froide et blanche
Ils portaient l'habit du dimanche
Je n'ai pas posé de questions
A ces étranges compagnons
J'ai rien dit, mais à leurs regards
J'ai compris qu'il était trop tard
Pourtant j'étais au rendez-vous
Vingt-cinq rue de la Grange-au-Loup
Mais il ne m'a jamais revue
Il avait déjà disparu
Voilà, tu la connais l'histoire
Il était revenu un soir
Et ce fut son dernier voyage
Et ce fut son dernier rivage
Il voulait avant de mourir
Se réchauffer à mon sourire
Mais il mourut à la nuit même
Sans un adieu, sans un "je t'aime"
Au chemin qui longe la mer
Couché dans le jardin des pierres
Je veux que tranquille il repose
Je l'ai couché dessous les roses
Mon père, mon père
Il pleut sur Nantes
Et je me souviens
Le ciel de Nantes
Rend mon cœur chagrin
ODE A LISBOA
Anos 60
ODE A LISBOA
Ó cidade, ó miséria
Ó tudo que entediava
Meus dias perdidos no teu ventre
ó tristeza, ó mesquinhez cativa
ó perdidos passos meus cansados
Ó noites sem noite nem dia
Ó dias iguais às noites
Sem esperança de outros melhor haver
Ou, pior, esperando alguém que não havia
Ó cidade, ó meus amigos idos
(tive-os eu ao menos como tal um dia?)
Ó cansaço de tudo igual a chuva e o céu azul imenso
Igual em toda a volta, meses de calor,
Ou água suspensa, núvens indistintas
Ou cordas de chuva a não poupar-me!
Igual, igual, igual por toda a banda
Ó miséria de sempre!
Tua miséria, ó cidade
Minha miséria igual em tudo
Igual às tuas ruas cheias
Igual às tuas ruas desertas
Igual às tuas ruas de dia
Igual às tuas ruas de noite
Igual à dos teus grandes
E das tuas prostitutas
Igual às dos homens corrompidos
E,
piormente igual à dos teus sábios!
Ó cidade igual inegualada
Porque te chamo perdidamente igual?
Tua miséria não é miséria,
Tua tristeza não é tristeza
Tudo o que me perdeste para ti não é perdido:
Meus passos firmaram-te as pedras;
Tuas noites foram o meu sol;
Teus dias me foram descanso...
Iguais, dias,noites, minha desesperança
Era o próprio esperar doutras certezas:
A certaza de só poder tornar-se
O alguém que é forçoso haver!
Os meus amigos idos
Por tal seriam por certo perdidos
Sei ---- como não?----que existiram:
Lá estão.
Ó cidade! o cansaço seguiu-me
--- não era teu.
Igual o tempo está comigo
---- não era teu...
Igual, igual, igual por toda a banda...
A miséria, o desalento aqui os tenho
--- Também não eram teus.
Mas a gente era tua e eu também.
Lá ficou; e eu,
Ó cidade, ó miséria,
Ó tudo que me entendiava,
Meus dias perdidos no teu ventre!...
Sei que nada me pertence
É tudo teu!
E eu me glorifico por eu e os meus
Sermos só de ti que és de Deus!
ODE A LISBOA
TOPOGRAPHIA LUSITANAE SELECTIOR
in "PARVA NATURALIA"
(José Blanc de Portugal)
Entrevista a José Blanc de Portugal
http://ferreira854.blogspot.com/2010/02/entrevista-jose-blanc-de-portugal.html
http://gavetadospapeis.blogspot.com/
Sátira a alguns HOMENS quando estão com gripe
HOMEM COM GRIPE
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
...Zaragatoas, vinho com mel,
...Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
António Lobo Antunes - (Sátira a alguns HOMENS quando estão com gripe)
sábado, 15 de janeiro de 2011
ainda... Borges
«Vamos de táxi a casa de Bioy e de Silvina, um apartamento espaçoso que proporciona a vista de um parque. Há décadas que Borges passa várias tardes por semana neste apartamento. A comida é horrível (hortaliça cozida e, à sobremesa, algumas colheradas de doce de leite), mas Borges não se dá conta. Esta noite, cada um deles, Bioy, Silvina Ocampo e Borges, conta aos outros os seus sonhos. Com a sua voz àspera e grave, Silvina diz que sonhou que se afogava, mas que o sonho não foi um pesadelo: não houve dor, não teve medo, sentiu simplesmente que estava a dissolver-se, a tornar-se água. Depois Bioy refere que no seu sonho se encontrava diante de duas portas. Sabia, com essa certeza que muitas vezes possuímos em sonhos, que a porta da direita o levaria a um pesadelo; resolveu transpor a da esquerda e teve um sonho sem incidentes. Borges observa que ambos os sonhos, o de Silvina e o de Bioy, são em certo sentido idênticos, uma vez que os dois sonhadores esquivaram-se ao pesadelo com êxito, um rendendo-se-lhe, outro negando-se a penetrar nele. Conta a seguir um sonho descrito por Boécio, no século V. Nele, Boécio assiste a uma corrida de cavalos: vê os cavalos, a linha de partida e os diferentes e sucessivos momentos da corrida até que um dos cavalos cruza a meta. Então, Boécio vê um outro sonhador: alguém que o observa a ele, observa os cavalos, a corrida, tudo ao mesmo tempo, num só instante. Para esse sonhador, que é Deus, o resultado da corrida depende dos cavaleiros, mas esse resultado é já conhecido pelo Sonhador. Para Deus, diz Borges, o sonho de Silvina seria ao mesmo tempo agradável e digno de um pesadelo, enquanto, no sonho de Bioy, o protagonista teria atravessado ao mesmo tempo as duas portas. “Para esse sonhador colossal, todo o sonho equivale à eternidade, em que estão contidos cada sonho e cada sonhador.”»
[in Com Borges, de Alberto Manguel, Ambar, 2006]
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Para pensar
(Seneca, 4BC-AD65)
"Toda a crueldade nasce da fraqueza."
(Sêneca, 4BC-AD65)
Do Tempo
O MAIS ESPANTOSO NOS VELHOS É A SUA FALTA DE PRESSA, COMO SE ELES DISPUSESSEM DE TODO O TEMPO QUE TERIAM OS NOVOS SE NÃO TIVESSEM TANTA PRESSA.
Mário Quintana
Há momentos
Há momentos
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espectáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
A senior lady on an internet journey…
http://dorotheadec.wordpress.com/
http://twitter.com/DorotheaDeC
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFT7l_E9ISZrSsNnEAvd5hrVT-rD40lkjPHxvDgpE6ow80StAPuDWE7Dfh79D1JXw5JBibvMfhN9HQHOFNXxhCvCV6m3MVJeBr9ruLaOQzX4-erH0p4haNYnM6agcuDjztRzpdgTetVVc/s1600/almodovarmom.jpg
O tempo em que Pedro Almodóvar fazia crochet com a sua mãe num banco de jardim (na gloriosa década de 80).
Geriatria
A review of a project which encouraged early-career researchers to engage with the issues faced by older people and an ageing society.
domingo, 9 de janeiro de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
A cotovia
é um rouxinol ainda
Os ouvidos não ouvem
essa ave que divide
e a luz que conduz a mântua não canta
Esse canto alterado
como um simples acidente da boca
era um som diferente nos teus mudos
ouvidos
de tão ameaçada madrugada
A tua boca ouve
a noite nessa ave
porém é na manhã que se transforma noutro
o canto que escurece como a luz a dor
pouco antes entre outro canto fugitiva
Vejo-te contra a pele como se não pudesse
ocultar-te de todo o movimento
dum incêndio
e a cotovia exprime
impede a tua perda
Gastão Cruz
cf. SHAKESPEARE. Romeo and Juliet. ill. V. 1-36
via
http://arondadosdias.blogspot.com/