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quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Estranho Quotidiano"

J. L. PIO
ABREU*

Para bem ou para mal, o ciclo que findou tem um ícone: Sócrates.
Deificado e diabolizado, sempre em situação adversa, ele foi um político invulgar. Começou por reduzir o défice, reformou a Segurança Social, a Escola e a Saúde. Modernizou costumes atávicos.
Apostou na ciência e fez do país o que mais cresceu
neste domínio. Apostou nas energias renováveis, emprodutos exportáveis de alta tecnologia, e os
resultados, que são lentos, já se começam a ver. Mas
afrontou as corporações e começou a perder.
Aceitou ir quinzenalmente à Assembleia da República
e, aí, defrontava-se com quatro oposições de direita e de esquerda.
Foi combativo, mas gerou crispação. Atacaram-no
por todos os lados. Escrutinaram a vida dele, dos pais, dos tios, dos primos e dos amigos. Acusaram- -no de tudo. Manipularam a sua imagem para criar um preconceito. Quando se defendia diziam que mentia. Quando tentava
ser optimista no meio do pessimismo criado contra si, é porque mentia. A tudo resistiu.
Transformaram-no em bode expiatório da crise financeira internacional.
Mas ele tinha uma solução para o País: ganhar tempo até que a Europa ganhasse juízo com o balão de ensaio
grego. Tiraram-lhe o tapete e tudo seguiu outro rumo. Sabendo que já não era o seu tempo, lutou até ao fim. Quando, dignamente, aceitava a derrota pessoal, ainda
uma jornalista de mau gosto lhe dava facadas.
Um dia se reconhecerá a estatura deste político.
A mediocridade instalada nosmedia não o enxerga
por agora.

*Psiquiatra e professor universitário

Jornal Destak 17-06-2011

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