«- Como estás?, é uma bela questão. Normalmente respondo - Sei lá, porque não gosto de mentir. E sei lá de facto. Umas vezes estou redondo, outras quadrado, outras cheio de picos, outras liquefeito, outras não estou sequer: deslizo por aí armado em nuvem. - Como estás?, e é impossível responder - Deslizo por aí armado em nuvem» António Lobo Antunes
O Homem e o Mar Homem livre, o oceano é um espelho fulgente Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado, Como em puro cristal, contemplas, retratado, Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem. Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos, As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos; Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos; Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis, Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem, De tal modo gostais n'uma luta selvagem, Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, O Homem e o Mar, in "As Flores do Mal"
É comum a ideia de que os velhos são os conservadores típicos e os jovens são os inovadores. Não é bem assim. Os conservadores mais típicos são os jovens, os que querem viver mas não pensam nem têm tempo para pensar como viver e que, por isso, optam pelo modelo de vida já existente.
Tolstói em O Diabo e Outros Contos (1889-90)
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