Conheces a casa pelos cheiros e os ruídos
As sombras na parede a certas horas
Uma jarra de rosas sobre a mesa
E a primavera no quintal com o seu perfume
De terra e musgo e buxo e flores de limoeiro
Conheces a casa até por sua música
Que é um branco silêncio povoado
Por móveis e tapetes ecos vozes
Este devia ser o teu lugar sagrado
Aquela Ítaca secreta em que pensavas
Quando buscavas um caminho ou um destino
Mas eis que chegas e algo está mudado
É certo que na vila os velhos te reconheceram
Como a Ulisses o fiel porqueiro
Porém na casa algo está diferente
O teu próprio retrato te parece um outro
E mais do que nunca sentes-te estrangeiro
Por isso o teu exílio é sem remédio
Manuel Alegre
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