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Stálin e o povo 24,00€ "As minhas publicações com estatísticas de arquivo
sobre a repressão política dos prisioneiros do Gulag e do "exílio kulak"
tiveram um impacto significativo nos sovietólogos ocidentais, forçando-os a
abandonar a sua tese orientadora dos 50 a 60 milhões de alegadas vítimas do
regime soviético. Os sovietólogos ocidentais não podem simplesmente
descartar as estatísticas de arquivo publicadas como uma mosca irritante,
devem levá-las em conta. No Livro Negro do Comunismo, preparado por
especialistas franceses no final da década de 1990, este número foi
reduzido para 20 milhões Mas mesmo este número “reduzido” (20 milhões) não
podemos aceitar. Inclui uma série de dados fiáveis, confirmados por
documentos de arquivo, e números estimados (vários milhões) de perdas
demográficas durante a guerra civil, pessoas que morreram de fome em
diferentes períodos, etc. Entre as vítimas do terror político, os autores
do Livro Negro do Comunismo contaram mesmo aqueles que morreram de fome em
1921-1922 (fome na região do Volga causada por uma seca severa), o que nem
R. A. Medvedev nem muitos outros especialistas nesta área tinham feito
antes. No entanto, o próprio facto da diminuição (de 50-60 milhões para 20
milhões) na escala estimada de vítimas do regime soviético indica que
durante a década de 1990, a ciência soviética ocidental experimentou uma
evolução significativa em direcção ao bom senso, mas permaneceu estagnada a
meio deste processo positivo. De acordo com as nossas estimativas, baseadas
estritamente nos documentos, verifica-se que não houve mais de 2,6 milhões
de “vítimas do terror político e da repressão”, com uma interpretação
ampliada deste conceito. Este número inclui mais de 800.000 pessoas
condenadas à morte por razões políticas, cerca de 600.000 presos políticos
que morreram durante a detenção e cerca de 1,2 milhões que morreram em
locais de deportação (incluindo no “exílio kulak”), bem como durante o seu
transporte (pessoas deportadas, etc.). […] Como resultado, temos quatro
variantes principais da escala de vítimas (condenadas à morte e mortas por
outros meios) do terror político e da repressão na URSS: 110 milhões (A. I.
Solzhenitsyn); 50-60 milhões (Sovietologia Ocidental durante a Guerra
Fria); 20 milhões (Sovietologia Ocidental durante o período pós-soviético);
2,6 milhões (nossos, com base em documentos, cálculos). » Viktor Zemskov
(1946-2015) foi um historiador soviético de renome mundial. Amplamente
citado, e até mesmo pilhado, pela sua investigação de arquivo em primeira
mão, a sua recusa em aplicar os preconceitos da Guerra Fria à União
Soviética explica, sem dúvida, a sua falta de divulgação no Ocidente. Esta
primeira publicação em francês preenche uma grande lacuna.
Há 4 dias
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Uma Canção Desesperada
Emerge a tua lembrança desta noite em que estou.
O rio junta ao mar o seu lamento obstinado.
Abandonado como os cais na madrugada.
É a hora de partir, ó abandonado!
Sobre o meu coração chovem frias corolas.
Ó porão de escombros, feroz caverna de náufragos!
Em ti se acumularam as guerras e os voos.
De ti bateram as asas os pássaros do canto.
Tudo devoraste, como faz a distância.
Como o mar, como o tempo. Tudo em ti foi naufrágio!
Era a hora alegre do naufrágio e do beijo.
A hora do estupor que ardia como um farol.
Ansiedade de piloto, fúria de mergulhador cego,
turva embriaguez de amor, tudo em ti foi naufrágio!
Eu fiz retroceder a muralha de sombra,
caminhei para além do desejo e do acto.
Ó carne, carne minha, mulher que amei e perdi,
a ti nesta hora húmida evoco e faço canto.
Como um copo albergaste a infinita ternura,
e o esquecimento infindo estilhaçou-se como um copo.
Era a negra, negra solidão das ilhas,
e ali, mulher de amor, teus braços me acolheram.
Era a sede e a fome, e tu foste uma fruta.
Era o luto e as ruínas, e tu foste o milagre.
Ah mulher, não sei como pudeste conter-me
na terra da tua alma e na cruz dos teus braços!
O desejo de ti foi o mais terrível e curto.
o mais revolto e ébrio, o mais tenso e ávido.
Cemitério de beijos, ainda tens fogo nas tumbas,
ainda as uvas ardem debicadas por pássaros.
Oh a boca mordida, oh os beijados membros,
oh os famintos dentes, oh os corpos trançados.
Oh a cópula louca de esperança e de esforço
em que nós nos juntámos e nos desesperámos.
E a ternura, leve como a água e a farinha.
E a palavra que quase nem nascia nos lábios.
Foi esse o meu destino e nele viajou a vontade,
e nele caiu a vontade, tudo em ti foi naufrágio!
De tombo em tombo ainda tu ardeste e cantaste.
Marinheiro de pé na proa de um navio.
Ainda floresceste em cantos, ainda rompeste em correntes.
Ó porão de escombros, poço aberto e amargo.
Pálido mergulhador cego, desventurado fundeiro,
Descobridor perdido, tudo em ti foi naufrágio!
É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite prende a todos os horários.
O cinturão ruidoso do mar abraça a costa.
Surgem frias estrelas, emigram negros pássaros.
Abandonado como cais na madrugada.
Apenas a sombra trémula se me torce nas mãos.
Ah para além de tudo. Ah para além de tudo.
É a hora de partir. Ó abandonado.
In Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, Trad. de Fernando Assis Pacheco, Edições Dom Quixote
Pablo Neruda [Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto] (n. 12 Jul 1904, Parral, Chile; m. 23 Set 1973 em Santiago, Chile).
via
http://nothingandall.blogspot.pt/
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