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domingo, 13 de março de 2011

(...) até ao fim

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"É certo que o Estado Novo de Salazar se reclamou de uma missão nacional e de uma consciência patriótica supra-partidária, justificando-se na necessidade de sanar o clima de desordem e de ineficácia da I República, na urgência de reorganizar a sociedade e o Estado, no dever de restaurar valores espirituais, religiosos e tradicionais ...atacados pelo positivismo republicano e enfim no dever de lutar pela soberania portuguesa aquém e além-mar.

Mas sendo o absolutismo o factor dominante na sua prática política, tudo ficou sempre condicionado por uma estrutura em pirâmide, por um poder pessoal autocrático, por uma aliança tácita deste poder com grupos económicos que extrapolaram para formas de pressão política e em última análise pelas idiossincrasias e convicções particulares do chefe carismático ou do rei sem coroa, reflectidas em ondas desde o topo até às bases de sustentação da pirâmide.

Não se pode honestamente pôr em dúvida o portuguesismo e a consciência patriótica de Salazar e dos seus colaboradores mais sinceros, mas o facto é que estamos hoje a pagar as consequências do dogmatismo que adoptou e manteve obstinadamente até ao fim."

António Quadros, «A Arte de Continuar Português», (1978, pp. 22-24).

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